domingo, 28 de maio de 2017

PARA VOCÊ QUE CHEGOU AGORA



Sim. Nós sobrevivemos. 



Ninguém morre de amor, mas ficamos moribundos por um tempo e vamos caminhando com passos tortos, e mesmo depois disto, não sabemos ao certo se estamos prontos para o novo, sem revisar o passado.
Já vivemos tantas verdades incompletas, tantos desejos camuflados, tantas fugas de nosso mundo interno, que chegamos a acreditar que ele fosse invisível aos nossos olhos.
Acreditamos que chegou o momento de deixarmos de refletir pouca sombra, sombra de alma que não se encaixa bem no corpo, alma pouca.
Sabemos faz tanto tempo, que no amor é preciso se perder, para que um dia possamos nos reconstruir. Mas perder-se no amor, algumas vezes, dói tanto...
Então, depois desse tempo indispensável à minha alma, você chegou.
Não vou dizer que demorou... mas que estava por aí, no mundo, cuidando também de seus amores, pois todas as coisas imortais estão no mundo, cada intelecto, cada Deus pessoal, cada alma iluminada pelo universo.
Não quero que você ultrapasse seu tempo, assine um contrato, ou algo parecido com um termo de posse.

- Para você que chegou agora na minha vida e bateu na minha porta, tenho primeiro a dizer que gostar é deixar voar. Gostar não combina com egoísmo ou prisão.
- Para você que chegou agora na minha vida, saiba que não é a solução de minhas dificuldades, ao mesmo tempo, é maravilhoso sentir que se preocupa com elas, mas isto me basta, não quero que as tome como suas.
- Para você que chegou agora na minha vida, é fundamental que eu diga que não preciso de muito para ser feliz: seu sorriso, seu toque, sua alegria, seu beijo, já são para mim uma linda perdição. E é me perdendo neles que sou feliz.
- Para você que chegou agora na minha vida, e bateu na minha porta, fique à vontade e a deixe aberta para quando quiser sair, ou até mesmo ir embora. Só quero você, se quiser ficar. Eu quero que fique, mas cabe a nós a coragem de abandonar sentimentos e medos antigos, que de alguma forma, já são confortáveis... e mergulhar outra vez.
Devo ainda dizer que não tenho mais medos de tempestades e ventanias, mas isso sou eu. Até meu medo do frio da alma passou.
- Para você que chegou agora na minha vida, preciso lhe dizer que em alguns dias vou querer estar só, vivenciar minha filha, alguma amiga que não vejo faz muito tempo, sentar no alto de uma montanha para pensar ou escrever, ou meditar. Mas que em outros serei feliz além dos limites, tendo você ao meu lado, esparramados no sofá vendo um filme e comendo pipoca com guaraná, arriscando uns amassos como namorados, depois fazer um amor gostoso, no chão, na cozinha, na cama, no chuveiro. E conversarmos sobre a vida, e ler alguma bela poesia e poder dormir ao som da sua voz.
- Para você que chegou agora na minha vida, tenho um pedido: todas as vezes que nos encontrarmos, que nosso beijo tenha o mesmo sabor do primeiro beijo.
E se depois de tudo isto, você quiser ficar, será importante que nos apaixonemos todos os dias e nunca venhamos a nos esquecer o que nos fez querer um ao outro.
Se você realmente quiser ficar, deixe seu suave perfume na minha cama, quando voltar para a sua, mas que mesmo suave, este perfume tenha aroma de macho no cio.
Se quiser ficar, quando sair, tenha a certeza de que deixarei a porta aberta, para quando quiser voltar.
E se quiser ficar. que fique bem, que seja leve e suave, mesmo diante dos problemas. Já aprendemos que tudo tem solução. E que sejamos um para o outro, a calmaria depois de um dia turbulento.
Se ficar, não se vá por um motivo qualquer, daqueles sem importância, que nos faz dizer palavras que nunca seriam ditas, para que a gente aprenda a não banalizar um sentimento tão raro.
Se ficar, nunca se assuste com a ternura, não a confunda com domínio, apenas permita que minha mão pouse na sua.
Se ficar me ajude a não deixar a mesmice nos atormentar, que tudo recomece a cada dia e seja um novo dia.
Saiba ainda que a dor inconfundível do amor às vezes acontece, mas não vamos rebaixá-la à condição de utilidade (nem a dor, nem o amor).
Se ficar, beba meu mel, meu fel, meu sal, meu sol, prove todos os gostos da minha pele, e permita que eu faça o mesmo com você.
Se ficar na minha vida, que nos tomemos pela mão e estejamos juntos de corpo e alma, sem nunca esquecer que somos indivíduos.
Se ficar, saiba que a nossa história ainda vai ser escrita, só não permita nunca que seus olhos fujam dos meus.
Com toda minha esperança, recebo você.

Madu Dumont

ACREDITAR OUTRA VEZ,,,

JARDINEIRA DO AMOR



A primeira coisa que vi foram seus olhos, que além do azul brilhante que irradiavam, o que não era o mais importante, havia neles uma sedução escondida em uma natureza quieta, dócil, às vezes esperta, outras vezes devassa.
Mas foi bem lá no fundo que percebi uma tristeza talvez camuflada por todas as dores de uma vida vivida.
Tristeza perigosa, (isso eu ainda não sabia) de alguém que merecia ser muito bem cuidado, acarinhado, protegido, mimado.

Olhos sim, mas depois atitudes cheias de um generoso charme, atraente, diplomático. Naturalmente fui percebendo a inteligência e o romantismo, que lhe são naturais.

A presença constante, telefonemas, mensagens, pelas quais eu esperava o dia todo, geraram em mim desejos perigosos que já estavam guardados, adormecidos.

Acreditar - acreditar, como senti um medo enorme de acreditar outra vez. Eu que já havia prometido nunca mais crer. Havia prometido que não daria a chance de que ninguém mais abriria antigas feridas trancadas à sete chaves na minha alma.


Mas tenho esta velha mania de jardineira, de plantar mais um vaso, com uma muda de esperança nas feridas que nem mesmo haviam ainda cicatrizado.

Confiei outra vez, rápido demais, entreguei meu corpo e recebi o seu em um delírio de prazer. Seu domínio, suas ordens, sua força, em momentos do mais completo êxtase.  

Fui triste  por suas antigas tristezas e fui feliz por suas alegrias renovadas.

MEU MEDO AUMENTOU, o medo que sempre tive da ilusão, mas é como se ele deixasse de existir quando você disse "nossa casa". E faz tanto tempo que eu queria ouvir essas palavras outra vez.
Acreditar com a esperança de que minha dor não mais reaparecerá, que minha alma não mais se partirá.

Minha fé no homem que eu quase não conheço, o homem que é você, chega a ser inocente, mesmo depois de quase uma vida inteira vivida.
O prazer do sexo, sentindo outra vez confiança, é infinitamente melhor, queria que você me colocasse dentro de você e algumas vezes, sinto que é isso que acontece.



Ambos ainda sentimos o desejo de tentar mais uma vez e de que nesta vez possamos ser felizes. Esperança, é a palavra chave, mas ver umas poucas roupas suas em meu armário, me devolve o que quero de melhor e sei que posso retribuir este melhor. 

Poderia falar de quem eu sou e o que tenho a oferecer, mas aqui quero falar de você. Você meu homem, tantas vezes forte, tantas vezes (sem que nem perceba) frágil, mas corajoso e cheio de fé na vida, sedutor, popular e completamente bem humorado.

Por mais que busque em minha memória alguém que dorme sorrindo e brincando, depois exausto de amor, acorde sorrindo... não encontro.

E a vontade que fica é a de começar tudo outra vez, mais e mais vezes, você merece e eu também mereço.

Desta vez além da jardineira das flores vermelhas e amarelas, quero ser a jardineira de você.

Talvez um dia venhamos a nos apaixonar profundamente. Talvez possamos sempre continuar a nos fazer felizes como neste suave sentimento.

Quando comecei a escrever, queria apenas falar de você. Não consegui, me inclui na sua história, pois aquele medo do qual falei antes ainda existe. Então te peço uma coisa, se o que sente não for por inteiro, não destrua minha esperança, não me abra mais uma ferida. Garanto que não o farei com você.

Só mais uma coisa, não - duas, você é precioso e a outra é que estou deitada na nossa cama, vestida com seu moletom gostoso - vou dormir com você em mim.


Madu Dumont - 28/05/2017


quinta-feira, 11 de maio de 2017

AMOR VIRTUAL

SOMOS PERSONAGENS NESTA TELA


Não estamos aqui por qualquer outro motivo que não seja o medo.
É verdade, depois de viver quase que uma vida inteira, descobrimos que tememos o amor.

Já não temos coragem de olhar fundo e verdadeiramente nos olhos de outro alguém. Por isso estamos aqui, procurando um amor virtual.

Aqui a dor não nos ameaça, nem o sofrimento ou a desilusão, pois não existe a maciez do toque, não existem carícias, nem o cheiro da pele, ou o suor do amor feito, nem o sabor inebriante ou a dor inevitável do sexo, não existe o brilho do olhar.

Aqui é onde podemos encontrar outros iguais a nós que vivem da fantasia de um amor perfeito atrás da tela morta e imóvel.

Aqui damos vazão às nossas fantasias.

Aqui não importa a verdade, mesmo que ela nos intrigue, não importa a sinceridade dos sentimentos.

Aqui jamais seremos presos por um cadeado de carne.

Aqui seremos apenas cada um de nós, com os sonhos que nós mesmos sonhamos, com a ilusão que nós mesmos criamos. E ninguém jamais saberá se somos verdade ou personagens de um teatro imaginário.

Aqui ninguém arrancará nossas máscaras, e com elas a nossa pele. Não sangramos, mas a realidade ri de nós como uma velha... sem dentes; que se compraz no nosso medo, e não conseguimos ver o quanto a velha é feia em sua gargalhada estridente.

Quando vem o dia nossa vida corre sem atribulações, não é necessária a espera, ninguém disse que chegaria.

Quando vem a noite estamos sós, mas basta fechar os olhos e dar vazão a emoção de imaginar o amor.

Aqui sentimos o prazer, vemos alguém que foi traduzido por uma foto, e algumas palavras escritas. 


Encontramos com nosso parceiro virtual e nesse quase funeral do amor, nosso luto é a saudade de um tempo em que não existia o medo, e saudade... Saudade não tem cor. 

Madu Dumont