domingo, 27 de novembro de 2016

UM HOMEM, UMA TARDE, UM AMOR MUDO.



LUIS FERNANDO,


E de repente me sentia capaz de olhar para dentro de você. Senti como uma revelação. Uma revelação que fez nascer uma esperança.

Era a esperança de reunir milhões de fragmentos compartilhados, sem necessidade de palavras. Compartilhados quase que como uma distância próxima.
Você não sabia naquela tarde, como eu não sei ainda hoje, que havia pessoas que poderiam compreender tão rapidamente o que ia dentro da alma do outro, provavelmente intuitivo, ou simplesmente pelo olhar.
Apenas compreendi que estar perto de você, lhe vendo mais do que eu imaginava que poderia, sem saber sequer quem era você, seria uma corrida atrás do vento.
Aquilo que consegui ver na sua alma, eu não lhe podia revelar, ainda não, não naquele tempo, naquela tarde. As suas e as minhas fragilidades, nossas dúvidas, nossos medos latentes e profundos... era cedo demais.
Nós não podíamos extrair a visão que tiramos do nosso interior, nem uma delas. Mas, como tudo que não se pode explicar eu sabia, e você também sabia.
Sem entender, no entanto, tudo de repente era diferente, não reparei se havia crianças jogando bola, não reparei no homem sentado à mesa do bar e que não merecia mesmo ser reparado.
A relva do caminho era diferente, ela era nativa e eu via uma luz, que me lembrava a luz do sol do amanhecer, aquela que tem um brilho especial. Era como se ela tocasse através dass minha mãos, diretamente dentro da sua dor. Essa luz, e esse carinho, iluminou sua dor e a tornou mais leve, ou mais forte, não sei dizer.
A porta da coragem ainda não havia se aberto atrás de nós.
Nessa hora fiquei curiosa em ver como era seu rosto, acho que faz mais de dez anos, e esta foi
a única vez que o vi, porque seu olhar era desimpedido.

E no palco vazio de nossas solidões compartilhadas por tão doce instante, mergulhamos naquela luz e encontramos um amor mudo, sem rebaixá-lo à condição de nada, apenas um amor mudo.
Um amor que venceu a distância, e o tempo, o não reconhecermos nossos rostos, o nunca mais acariciar com as mãos uma dor.

O amor mudo foi e será sempre, o amor que nunca morreu.

Obrigada Luis Fernando...


Madu Dumont

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A MULHER DE 60




ENTÃO CHEGAMOS LÁ 







De repente, quando ela resolveu falar do amor, era como se pertencesse a um outro mundo, insuportavelmente vazio, regido por critérios pelos quais ela só podia sentir desprezo.
Ainda era uma mulher, seu desejo ainda era latente, sua alma também pulsava como quando tinha vinte anos, ou pulsava muito mais, pois tinha consciência de quanto agora seria mais difícil, seus amores, suas fantasias... 
Aquele corpo repleto de marcas do tempo, não havia envelhecido nem um único dia no prazer.
Das inúmeras experiências que viveu, conseguia agora traduzir em apenas uma palavra fortuita e sem o merecido cuidado: velhice. Mas foram essas experiências mudas, algumas ocultas, outras imperceptíveis, que deram à sua vida forma, colorido e melodia.
Os pensamentos se deslizam para fora de sua vivência e o que resta neste papel é um sem número de contradições, de preconceitos. Ela chega a acreditar que isso é um defeito, algo que devia ser esquecido: o desejo do prazer.
Talvez o tamanho deste desconcerto entre o desejo, a fantasia, o amor e preconceito (muitas vezes pessoal) é o tamanho, a maneira exata para compreender essa experiência do corpo e da alma, ao mesmo tempo conhecida e enigmática.
Então se é verdade tudo que acontece dentro dela e que só pode viver uma pequena parte, a dúvida permanece: O que fazer com o resto? 
Tem a sensação de que pela primeira vez está atenta e lúcida com relação a ela mesma, ao seu mundo mágico e ainda juvenil no seu interior.
Sentia-se como se houvesse embarcado em um avião para, poucas horas depois, aterrissar em um mundo externo completamente diferente, sem ter tido tempo de absorver as imagens que passaram durante o longo caminho.
É uma mulher, uma mulher que não suporta pensar que todas aquelas marcas, as das dores, as dos amores, as mais profundas, assim como as mais superficiais, tenham sido em vão. A pele do seu rosto, seus seios, os cabelos brancos que agora além da cabeça, nascem no sexo, a barriga um pouco mais volumosa...
As imagens nas vitrines desse mundo moderno, são grandes e nítidas, mas do outro lado do vidro, ela não tem como não sentir orgulho de ser quem é, de ser como é.
Os homens, não a olham mais, os vendedores a chamam de senhora, as crianças de tia ou vovó.
A família espera o bolo de banana, que era receita de sua não se sabe qual tataravó... Mas ela sabe, tem certeza, que seu lugar não é o forno, que seu desejo não é a gritaria das crianças.
Seu desejo é sexo, amor, toque, um longo beijo na boca, como se tivesse sido o primeiro, um abraço cheio do tesão igual àquele quando sua carne era dura, mas seu universo interno quase nada sabia do amor.
Hoje ela sabe tudo, dar e receber afeto, hoje não existe mais pudor, hoje não é mais o sexo pelo sexo, hoje é o sexo que foi para sempre, aquele que esteve guardado por tanto tempo nas cicatrizes de sua pele.
Hoje ela sabe ser completa, sente o sangue de seu homem, aquele que não está mais alí, correr nas suas veias, mesmo quando está acendendo a luz do forno para determinar o ponto do bolo, da tataravó, da avó, que tem certeza, também desejavam determinar, ao invés do calor do forno, o calor do sexo de seu homem.
Agora ela sabe mais que tudo, que não tem a menor ideia de como será essa coisa do desejo de viver um amor novo, em uma época que não conhece mais. Só sabe que não cabe nenhum adiamento. seu tempo está bem mais próximo do fim, do que do início, e pode ser que não reste muito.
Agora já não é entre milhões de pedras preciosas que abriria a porta do palácio de seus sonhos, mas sabia que podia ser a libertação de uma imagem de si mesma, aquela que na vitrine mostrava seus limites.
Será que há um mistério sob a superfície da vida humana? Ou as pessoas são exatamente como se revelam através de suas ações.
Está resolvida, tudo completamente claro, não precisa de bagagem, não precisa de nada que não seja apenas ela mesma, nem dinheiro, nem realidade, nem família, nem problemas, nem soluções.
O circo chegou à cidade, pobre, pequeno, o fotógrafo tirou uma foto dela, mostrou em um monóculo, sorriu e gostou da imagem que viu. Foi aí que ela decidiu, de uma vez por todas, e para sempre, fugir com o circo, exatamente como sonhou na infância: Pois o palhaço quem é? É ladrão de mulher...

Madu Dumont


quinta-feira, 24 de novembro de 2016

LUAS INVERSAS


Nada sabemos da alma Senão da nossa; As dos outros são olhares, São gestos, são palavras, Com a suposição De qualquer semelhança no fundo.





LUAS INVERSAS

Nossas luas são inversas.
Nossas horas distantes.
Jejuo o desejo,
jejuo um tempo sem razão.
Sinto falta de nós
já que há muito tudo me faltava.
 Embriaguei-me nesta fantasia (ou sonho).
Meu desejo roçou a loucura,
enferrujado pelo amor à solidão,
para que eu possa escapar através dela.
Há sangue em meus olhos,
mas talvez sejam lágrimas.
Em minha alma,
gritos inarticulados,
sem sentido.
Vivo uma expectativa infinita,
minha confiança vacila,
o fogo derrete os nervos.
Vivo este sonho.
O sonho de um amante ao acaso.


Madu Dumont


terça-feira, 22 de novembro de 2016

APENAS UMA FORMA DE DIZER “OBRIGADA”


ESTE É UM TEXTO PESSOAL, 

MAS POR GRATIDÃO, VOU INCLUÍ-LO AQUI.



 

Não me lembro com certeza como tudo começou, talvez nem me lembre do dia de ontem. Sei que agora as lágrimas me dificultam escrever. Tudo em mim hoje é GRATIDÃO.
Vou tentar resumir, apesar de eu ser prolixa.
Conheci três Marias, a primeira nasceu no interior de Minas, em uma família que ainda hoje, vive mais ou menos como uma casta.
A segunda Maria libertou-se, ou apenas deixou de ser convencional. Se afastou daquele mundo e criou um só seu, de liberdade, de profundos e imensos prazeres, assim como também eram as dores. Se afogava em seus próprios sentimentos. Tudo era excesso. Alimentou uma força que não tinha para bancar seu próprio voo. E voou muito, voou alto. Foi assim que aquele antigo mundo convencional, acreditou no que ela quis mostrar, e que no fundo acreditava também, Maria se bastava, sua e só.
Foi um pouco antes desse tempo, que a luz divina a presenteou com uma filha, que não deveria ter outro nome, mas apenas se chamar “Amor”.
Em um dia qualquer, aquela que usava uma máscara, sentiu sua força falir. Ela já não mais se bastava, mesmo que negasse com todas as suas minguadas forças.
A solidão do afeto verdadeiro criou no corpo dessa segunda Maria uma doença que não lhe minava só o físico, mas principalmente a alma.
Mais uma vez, aquele ser de luz divina, que a gente finge que não existe, mas que vem até nós trazendo a luz violeta do amor, colocou no seu caminho, não apenas um médico, mas um ser-humano. O único a acreditar que o interior dessa Maria tinha tantas outras razões para transforma-la, ela viu nos seus olhos e teve a coragem de confiar. Esse homem que estudou a medicina do corpo por tantos anos, também conseguiu estudar o homem e sua alma, indo muito além da doença. Foi ele, que talvez por não acreditar em Deus, não se comparou ou agiu como um.
De todas as estrelas, foi ele a única que brilhou, de todas as estrelas, não precisou de um céu ou de um palco, mas silenciosa e calmamente foi capaz de gerar com sua competência nessa  Maria, um amor universal, incondicional.
Ele nunca soube da alegria e esperança que fazia essa mulher brilhar, e às vezes se afogar em uma única lágrima, ao receber uma mensagem lacônica: “Como você está?”
Então Maria se transformou e passou a viver o amor que havia acabado de aprender.
Tudo em torno desse médico lembrava beleza, seu pai, sua esposa maravilhosa, tão maravilhosa, tão transbordante de emoção, que é difícil descrevê-la. Foi assim que ficou mais fácil entender você Marcelo B. Fuccio.
Jamais terei algo material para lhe pagar o quanto lhe devo, tudo que você me ofereceu: da cura, ao aprendizado.
Mas posso garantir que essa Maria, aprendeu a olhar em torno e encontrar outros amores esquecidos e terá para com você, eternamente, amor, respeito, carinho e amizade.
Acho a palavra “Obrigada” muito pequena, prefiro dizer “Gratidão”.
Com meu melhor carinho,
Maria, Maria e mais uma e talvez, melhor Maria.

Madu Dumont




domingo, 20 de novembro de 2016

A ESTRANHA MANIA DO AMOR


O AMOR, ALGUMAS VEZES, TEM A ESTRANHA MANIA DE NOS DEIXAR, MESMO SEM DIZER ADEUS, OU UM ATÉ BREVE. ESSA ESTRANHA MANIA OS LEVA PARA O OUTRO LADO DA VIDA, E NÓS, TEMOS UMA MANIA AINDA MAIS ESTRANHA: ESPERAMOS REVE-LOS UM DIA.


ESCREVO AGORA, SOBRE TRES AMORES QUE ME DEIXARAM SEM DIZER ADEUS.


HISTÓRIA DA TUA MORTE


Tudo que tange o amor é mágico.
Hoje já não é mágica a vida.
Tu a deixaste.
Não verás outra lua
Que nesta noite ilumina tua morte.
Cansaste de ser humano
De carregar o triste fardo de um corpo,
esta inexplicável prisão que nos abriga.
Queria escrever sobre tudo,
tudo que acontece em um momento.
A triste aparência das flores,
sempre tão iguais.
O som delicado de uma música,
que te tocava o coração.
Todas as nossas sensações,
as suas e as minhas.
Adeus às tuas ternas mãos,
Ninguém as tocará mais.
Adeus ao teu largo sorriso, 
quase uma gargalhada.
Ninguém o ouvirá mais.
Ninguém verá mais a luz que emanava de teus olhos,
olhos que não esqueço,
apagaste o lume.
Não mais serás a vanguarda de outras vidas,
tua coragem se resume a esperar a morte,
aquela que queres ter, sua e só.
Mas ninguém poderá apagar a memória do que já fomos um dia,
todas as coisas do mundo.
E do amor -
podes recordar neste final instante -
do amor conhecestes todas as nuances.
Tu soubeste o amor.
A felicidade que me doaste
vive dentro da minha alma.
O tudo jamais deixará de existir.
Agora me resta um pensamento,
aprender a arte de esquecer.
Se distanciará na memória,
mas teu nome jamais será esquecido.
Tudo é tão confuso,
como me confunde agora
E um instante irrevogável pode mudar tudo.
Agora ainda não sei.
Mas você sim,
do outro lado da morte,
saberás se fui alguém.
Estarás comigo até o fim.


Madu Dumont

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

OBRIGADA NELSON, POR SUA PARTICIPAÇÃO.


Bem ama: já nem sabe sobreviver, sem esse dar
Reconhece e sente que não há outro ar
Amor, estrada sem fim - um outro quase lar
Encanto tão lindo, que não deve mais acabar
Acordar leve, sorrindo, e brincar de bem sonhar
Quem ama, bem inflama - e não sabe bem, como amar bem, mas bem ama
Simplesmente segue e sente - desconhece outro ar
Já não conhece - esquece - a indefinível palavra Amor
Salientando um sentimento sincero, singelo, único e genuíno - um Amor
Não é para definir, ou ser, somente, falado e revelado
E sim, para demonstrar, pelo ir e vir, com toda uma Paixão
Na voz de um Coração, ávido e majestoso, jamais calado ou estagnado
E bem apaladado, no íntimo do Dar e Receber - de Ser para Ser
Ser, para ser um Ser, para um sempre, ser, sem nunca, deixar de ser um Ser:
Que tal, não requer definição, pois é todo inspiração
Amor de verdade é arte, dedicação, lição, emoção.... doação:
Doar, ação.... ação/reação, Corpo e Alma - uma unidade - um Coração
Respirar e ser, e que seja o meu ar, rejuvenescido por tanto amar
Amar (amar ou amar) para depois, e sempre, dar sem nunca prescindir de amar:
O que torna o Amor Real, é a Vida, que nos faz amar - O Amor é cordial e ascensional..
:
:: Nelson de Jesus Henriques

terça-feira, 15 de novembro de 2016

PROVEDOR DE SONHOS



Muitas vezes sei que não devo dizer o que penso, nem todas as pessoas estão dispostas a ouvir. Posso acrescentar, que o que penso (aliás, sinto mais do que penso), não significa a verdade, novas verdades nos apresentam quase todos os dias.
Portanto, falo apenas de sentimento, mesclado com um pouquinho de intuição e muito de carinho.
Você, quando o conheci, pude perceber, se escondia atrás da couraça da alegria aparente, tinha brilho, mas a sombra em seus olhos era indisfarçável.
Quando a gente tem a oportunidade de sair da vida real e estar fazendo algo que gosta, perto de pessoas que nos são queridas, normalmente abaixa o nosso nível de stress, mais ou menos como se um peso fosse retirado de sobre nós, e ficamos um pouco vulneráveis, e algumas vezes, o desaparecimento da tensão que nos move todo dia, pode nos deixar frágeis para todos os sentimentos, incluindo nossas dores, e essas dores têm várias formas de se manifestar... (acho que foi mais ou menos o que aconteceu com você).
Também percebi no seu “se esconder”, um discreto medo. Medo do que tinha pela frente, de conclusões já claras, da busca de novos caminhos. Acho que este é realmente o maior medo do ser humano – o medo da vida.
Nós somos seres vivos, portanto existimos. Isso é um fato que não podemos modificar. A partir daí precisamos viver. E então, temos uma responsabilidade, pois somos chamados a sermos os autores de nossa vida. Igual a uma obra de arte, na vida devemos inicialmente quere-la; em seguida, imagina-la, pensa-la e por fim, realiza-la, modela-la, esculpi-la, e fazer isto em meio a todos os acontecimentos felizes ou infelizes que nos surgem e que nada podemos fazer para modifica-los.
Temos medo de nos abrir plenamente para a vida, de acolher seu fluxo imperioso. Preferimos controlar nossa existência levando uma vida estreita, delimitada, com o menos de surpresas possível, vivendo nossas rotinas pré-estabelecidas. O ser humano tem medo da vida e está principalmente em busca da segurança da existência. Ele procura, no final das contas, mais sobreviver do que viver. Ora, sobreviver é existir sem viver... o que já é morrer.
Sempre pensei assim e procurei construir meus sonhos, não é nada fácil, mas vale a pena.

Passar da sobrevivência à vida é uma das coisas mais difíceis que há. Assim como é difícil e assustador aceitar ser os criadores de nossa vida. Preferimos viver como ovelhas, (não a ovelha negra) sem refletir muito, sem assumir muitos riscos, sem ousar nos entregar muito aos nossos sonhos mais profundos, que são, contudo, nossa melhor razão para viver.

A essência da vida é dizer “sim” a vida. Portanto eu agora sou a ovelha negra. Digo sim a você. Quero você e não tenho nenhuma culpa ou medo. Quero você como você é e não como eu acredito que você seja. Quero você exatamente como você é e porque é assim que vejo você. Venha, estou lhe esperando.

Madu Dumont

INSCRIÇÃO TUMULAR EM ARMÊNIO ANTIGO



JOGAMOS AS SOMBRAS DE NOSSOS SENTIMENTOS SOBRE OS OUTROS
E OS OUTROS JOGAM AS SUAS SOMBRAS SOBRE NÓS.

ÀS VEZES QUASE NOS SUFOCAMOS POR CAUSA DISSO

MAS SEM ELAS NÃO EXITIRIA LUZ

                                                  EM NOSSA VIDA.

SENTIMENTOS



Os sentimentos estão longe de serem tangíveis e dizíveis quanto pretendemos crer. A maior parte dos sentimentos são inexprimíveis e ocorrem em um espaço onde nenhuma palavra alcança.
Nós sempre olhamos para fora, para o outro – que não nos pode ajudar. Existe apenas um caminho para “o sentir”, e é entrar em nós mesmos. Escavar dentro de nós uma resposta profunda, sem nos esquecer que é exatamente nas coisas mais profundas e importantes que estamos indizivelmente sós.
Nenhum homem pode responder às perguntas e aos sentimentos que têm vida própria em sua alma.
Não podemos buscar respostas que não podem nos ser dadas, porque não as saberemos viver.


GOSTAR


O gostar desperta o desejo que é uma experiência dos sentidos, análoga ao simples olhar ou ao gosto da fruta madura que adoça a boca. É uma grande experiência que nos é doada, um conhecimento do outro, o esplendor, o saber. O mal não está em aceitar este sentir, o mal está em abusar desta experiência.
A criação intelectual, se é que posso fazer essa comparação, a poesia, a prosa, provém também desse desejo carnal. Tem a mesma essência, é apenas uma repetição silenciosa, elevada e eterna do desejo do corpo.
O gostar evoca o futuro, mesmo que se estejamos enganados quanto e sobre o objeto do sentir, mesmo que estejamos cegos. O futuro virá, seja ele qual for.
Gostar é nos mostrarmos calmos e serenos, sem atormentar a nós e ao outro com nossas dúvidas. Nem nos assustarmos com alguma confiança ou meras alegrias, que jamais poderemos compreender.



PAIXÃO



Na paixão há as noites e os ventos que passam pelas cidades e percorrem um longo e desesperado caminho.
Na paixão nos sentamos à beira de um precipício e acabamos nos atirando, acreditando que basta um vento para nos salvar em um redemoinho de irracionalidade.
Na paixão alguém nos possui; e nos perde, sempre perde, e nós perdemos também.
Na paixão aquele que teve pode ser por “ele” perdido. Será o futuro; o fruto final de uma árvore onde somos a folha.
Como as abelhas reúnem o mel, tiramos o que há de mais doce no outro para construir a paixão e nos perdemos nela.
Começamos pelo menor, pelo apenas intuitivo, depois pelo desespero e pelo grito, e talvez por uma alegria compartilhada e superestimada em tudo que fazemos.
Na paixão mora a impaciência, o poder, o egoísmo.
Na paixão nos deixamos enganar pela solidão, apenas por existir algo dentro de nós que quer desesperadamente deixa-la.



AMOR

“O amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer.”
                                      Luis de Camões


Amar é bom: porque o amor é difícil. Amar talvez seja a tarefa mais árdua que nos foi imposta pela vida, a maior prova, o desfecho onde todo o resto foi apenas uma preparação.
Para amar é preciso aprender com nosso ser mais profundo, nossas forças concentradas, nosso coração temeroso, (se é que se ama com o coração).
O amor não é entregar-se, confundir-se à outra pessoa, o amor é tornar-se humano em nós mesmos, é nos transformar em nosso próprio mundo, mas que esse mundo seja maior e melhor, por causa do objeto do nosso amor.
O amor é atirarmos um ao outro, sem nunca esquecermos, de nos delimitar, de nos distinguir.
O mais difícil do amor é que não existe uma regra, uma solução ou um caminho.
O amor deve constituir-se em mútua proteção, limitação ou simplesmente no encontro de duas solidões humanas.
O amor só perdura quando fazemos a novidade viver em nós, nos acrescentamos, e que isso faça parte do mais íntimo de cada um.
O amor perdura quando corre no sangue a emoção de gostar, a loucura de apaixonar e a liberdade de sentir.
Reconheço que o amor nasce e sai de dentro de nós independente de onde ou a quem vai encontrar. Algo acontece em nós, a vida não nos esquece, nos segura pela mão e não nos deixa cair.
O amor se doa na medida certa, consegue dar um passo atrás para esperar o outro, quando ele não é tão rápido. No amor enxergamos além de nós mesmos, sem deixar de nos pertencer.
Só o amor ri das impossibilidades.
Talvez todo o medo que o amor inspira não passe de um desamparo que implora por auxílio.


Madu Dumont

domingo, 13 de novembro de 2016

CHEGOU UM AMOR NOVO, NÃO FALAMOS, APENAS SENTIMOS...


Sim. Nós sobrevivemos. 
Ninguém morre de amor, mas ficamos moribundos por um tempo e vamos caminhando com passos tortos, e mesmo depois disto, não sabemos ao certo se estamos prontos para o novo, sem revisar o passado.
Já vivemos tantas verdades incompletas, tantos desejos camuflados, tantas fugas de nosso mundo interno, que chegamos a acreditar que ele fosse invisível aos nossos olhos.
Acreditamos que chegou o momento de deixarmos de refletir pouca sombra, sombra de alma que não se encaixa bem no corpo, alma pouca.
Sabemos faz tanto tempo, que no amor é preciso se perder, para que um dia possamos nos reconstruir. Mas perder-se no amor, algumas vezes, dói tanto...
Então, depois desse tempo indispensável à minha alma, você chegou.
Não vou dizer que demorou... mas que estava por aí, no mundo, cuidando também de seus amores, pois todas as coisas imortais estão no mundo, cada intelecto, cada Deus pessoal, cada alma iluminada pelo universo.
Não quero que você ultrapasse seu tempo, assine um contrato, ou algo parecido com um termo de posse.

- Para você que chegou agora na minha vida e bateu na minha porta, tenho primeiro a dizer que gostar é deixar voar. Gostar não combina com egoísmo ou prisão.
- Para você que chegou agora na minha vida, saiba que não é a solução de minhas dificuldades, ao mesmo tempo, é maravilhoso sentir que se preocupa com elas, mas isto me basta, não quero que as tome como suas.
- Para você que chegou agora na minha vida, é fundamental que eu diga que não preciso de muito para ser feliz: seu sorriso, seu toque, sua alegria, seu beijo, já são para mim uma linda perdição. E é me perdendo neles que sou feliz.
- Para você que chegou agora na minha vida, e bateu na minha porta, fique à vontade e a deixe aberta para quando quiser sair, ou até mesmo ir embora. Só quero você, se quiser ficar. Eu quero que fique, mas cabe a nós a coragem de abandonar sentimentos e medos antigos, que de alguma forma, já são confortáveis... e mergulhar outra vez.
Devo ainda dizer que não tenho mais medos de tempestades e ventanias, mas isso sou eu. Até meu medo do frio da alma passou.
- Para você que chegou agora na minha vida, preciso lhe dizer que em alguns dias vou querer estar só, vivenciar minha filha, alguma amiga que não vejo faz muito tempo, sentar no alto de uma montanha para pensar ou escrever, ou meditar. Mas que em outros serei feliz além dos limites, tendo você ao meu lado, esparramados no sofá vendo um filme e comendo pipoca com guaraná, arriscando uns amassos como namorados, depois fazer um amor gostoso, no chão, na cozinha, na cama, no chuveiro. E conversarmos sobre a vida, e ler alguma bela poesia e poder dormir ao som da sua voz.
- Para você que chegou agora na minha vida, tenho um pedido: todas as vezes que nos encontrarmos, que nosso beijo tenha o mesmo sabor do primeiro beijo.
E se depois de tudo isto, você quiser ficar, será importante que nos apaixonemos todos os dias e nunca venhamos a nos esquecer o que nos fez querer um ao outro.
Se você realmente quiser ficar, deixe seu suave perfume na minha cama, quando voltar para a sua, mas que mesmo suave, este perfume tenha aroma de macho no cio.
Se quiser ficar, quando sair, tenha a certeza de que deixarei a porta aberta, para quando quiser voltar.
E se quiser ficar. que fique bem, que seja leve e suave, mesmo diante dos problemas. Já aprendemos que tudo tem solução. E que sejamos um para o outro, a calmaria depois de um dia turbulento.
Se ficar, não se vá por um motivo qualquer, daqueles sem importância, que nos faz dizer palavras que nunca seriam ditas, para que a gente aprenda a não banalizar um sentimento tão raro.
Se ficar, nunca se assuste com a ternura, não a confunda com domínio, apenas permita que minha mão pouse na sua.
Se ficar me ajude a não deixar a mesmice nos atormentar, que tudo recomece a cada dia e seja um novo dia.
Saiba ainda que a dor inconfundível do amor às vezes acontece, mas não vamos rebaixá-la à condição de utilidade (nem a dor, nem o amor).
Se ficar, beba meu mel, meu fel, meu sal, meu sol, prove todos os gostos da minha pele, e permita que eu faça o mesmo com você.
Se ficar na minha vida, que nos tomemos pela mão e estejamos juntos de corpo e alma, sem nunca esquecer que somos indivíduos.
Se ficar, saiba que a nossa história ainda vai ser escrita, só não permita nunca que seus olhos fujam dos meus.
Com toda minha esperança, recebo você.
...
PS. Só não sabia que você jamais entenderia.

Madu Dumont

ALGUMAS VEZES O AMOR SE VAI, AS PALAVRAS SE PERDEM E NUNCA MAIS SÃO DITAS. JÁ NÃO IMPORTA MAIS...



Queria Dizer

Queria te dizer que lindo podia ser,
que lindo já tinha sido.
Nos perdemos e nos encontramos,
e a emoção continuava a mesma.
Queria te dizer da ansiedade,
e do alívio de ouvir tua voz.
Queria te dizer que eu podia esperar,
quantas luas houvesse. Quantas chuvas chegassem,
Queria te dizer que seríamos um só novamente.
Entre tantos nós, seriamos um.
Queria te dizer que estar,
ou não estar ao teu lado,
era a medida do meu tempo.
Me enganei quando não te confiei meu destino.
Era para sempre, sem nunca ter sido.
Queria te dizer que as estrelas e os homens
voltam ciclicamente.
Que voltei amando o mesmo amor.
Que me perdi por incompreensão.
Queria te dizer que, quando a lua e o sol
se encontram no meio do dia, lá estaremos nós.
No céu nosso caminho era claro.
Que teu Deus torcia por nós.
Que todo este tempo, padeci de medos e de esperança.
Queria te dizer da ânsia imensa de deixar o que já tinha
e da dor de não ter mais o que deixei.
De quantos lugares e sonhos
se tornaram vãos e sem sentido.
Queria te dizer que o milagre  implacável da dor
e o assombro do gozo sempre perduraram.
Que o amor continuava em minha alma,
ora imerso na treva, ora imerso na aurora.
Que me entristeceu tua ausência todas as manhãs.
Queria te dizer do sonho que foi embalar teu sono
na vigília de meus braços.
de um vaso de tulipas vermelhas.
Da cumplicidade em enxugar tuas lágrimas.
Que o esquecimento é a única vingança e o único perdão.
Perdão.

Queria apenas te dizer. 

Madu Dumont

sábado, 12 de novembro de 2016

OUTRAS VEZES O AMOR CHEGA DE MANSINHO, COMO QUEM NÃO QUER NADA, E NOS LEVA ÀS NUVENS...

Oi ...

Pois é, ia começar nosso papo desculpando-me por estar atrasado com as respostas a seus e-mails. Mas vi o vídeo publicitário maravilhoso que você fez, e resolvi começar por aí.

Genial ! Fantastico ! Divino ! Profissional ! Poderoso ! É assim que vejo seu trabalho e seus resultados que, pouco a pouco, vão enchendo nossos olhos e aguçando nossos desejos. Se eu ou qualquer outra pessoa, tinhamos alguma dúvida, esteja certa de que não a temos mais. E você, ainda duvida do que você é capaz?

Quero aula mesmo, é verdade. Na sala, na cozinha, no banheiro ou na cama onde, aliás, eu prefiro que minha professora me puxe as orelhas, não importa. O que importa é que você seja a mestre e que o tempo seja só um coadjuvante indesejável.

.., sempre achei que o sexo entre nós não precisaria ser comentado. Me enganei, parece, e mesmo contra a vontade, vou comentá-lo. Não a procuro ou procurarei no futuro por sexo. Procuro-a porque me entendo com você. Porque gosto do seu jeito despretensioso, e até um tanto irresponsável, de encarar a vida e de superar suas armadilhas. Gosto do seu jeito de falar, da forma como se interessa pelo que a rodeia e do jeito como ouve. Gosto de saber que você sabe ou que está buscando saber. Gosto do modo carinhoso com que você me espera e adoro o brilho de seus olhos quando você me vê. Eles dizem mais do que você gostaria que dissessem e me estimulam mais do eu gostaria que me estimulassem. O sexo, maravilhoso que temos, então, é só um complemento feliz que nos esforçamos para que seja irrestrito e muito bom. Se isso é verdade, então a razão de que seja assim é uma só: "todo o resto é muito melhor"
.
Faça um retrospecto rápido na nossa razão  Sexo/Conversas e me diga: Quando estamos juntos, o que fazemos por mais tempo ? Conversamos mais, ou fazemos mais sexo.  Minha contabilidade diz que conversamos mais do que nos amamos. Isto, no entanto, não significa uma relação desequilibrada. Muito pelo contrário. Essa a a melhor descrição para uma relação madura, consistente e interativa. Sexo por sexo, simplesmente, não é, felizmente, nosso caso.
Portanto, se você em algum momento escreveu algo que a expõe mais do que você gostaria, lembre-se do que seus olhos fazem comigo, e deixe o sangue correr. É isso exatamente que você quer dizer? Então diga !

 Porque todo esse medo ou toda essa reserva ?  Gostar do sexo que praticamos, como o praticamos  e porque o praticamos, não nos nos torna devassos nem vulgares. Fosse assim, e já não nos encrontaríamos há bastante tempo. Se nos estimulamos, e fazemos isso, é porque precisamos ser estimulados. Então porque nos sentirmos envergonhados por isso.  Eu, pelo menos, não me envergonho.  Vergonha, aí sim,  eu teria se me limitasse a só ouvir o que quero, ou o que não me sacuda, sem nenhuma capacidade de ouvir, de entender e de ter uma opinião, sensata sempre que possível,  sobre algo que ainda não vivi ou que não tinha a expectativa de viver. Isso sim, me deixaria envergonhado. Portanto, pegue minha mão, e vamos em frente. Se você tem desejos eu também os tenho. Se você tem fantasias, eu também tenho as minhas.

Vou tentar voltar no final de julho, até lá, não apague seu e-mail gigante e mande-o para mim. E faça isso logo ! 



Acho que já podemos falar "AMOR".

Um beijo,


Tá bem, eu falo. Me desculpe por não ter lhe escrito há mais tempo. Estive um pouco enrolado, mas já estou recuperado e pronto para seguirmos nessa viagem.

Madu Dumont

...     

OUTRAS VEZES O AMOR SE PERDE NO CAMINHO.


INÚTIL ESPERA

No escuro,
por todos os caminhos que levam a meu quarto,
o esperei por uma noite inteira.
Desejei seu corpo,
seu cheiro de macho assustado.
Desejei sentir sua boca roçar na minha boca,
sua barba mal-feita,
me ardendo o rosto.
Sua pele ávida de carícias,
a tocar minha pele quente,
com meu melhor perfume,
o aroma do meu desejo.
Suas coxas dançando em minhas coxas.
Desejei ouvir sua voz
dizendo coisas insensatas e belas.
Desejei seu silêncio.
Desejei me ver nos seus olhos.
E seu sexo no meu sexo.
Meu corpo ardente,
fazendo você estremecer
entre prazer e dor,
imersos nos espasmos de nós dois
andando sem pressa em nossos caminhos,
a driblar cansaços,
até chegar a aurora.
Desejei que você fosse embora
com a primeira luz do dia
e me deixasse dormindo,
Sonhando com o desejo entre os seios.
Sou nua em minha espera,
e integralmente sua,
em minha inútil espera;

Madu Dumont

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

MAS UM DIA, O AMOR NOS SURPREENDE

Oi amigo-amante,

Quero lhe dizer que sua presença aqui foi muito importante para mim. Não vivo mais de ilusões, nem alimento esperanças infundadas faz já muitos anos. Também não sou uma mulher que acredite que o amor seja possível, sem o amor amigo. Tenho coisas a lhe dizer, se eu não disser elas me sufocaram.
Você me disse que não conhece a mulher que sou hoje, posso lhe dizer que sou apenas mais real e mais feliz. O mundo lá fora já não me interessa muito, tudo que sinto hoje é sincero demais, humano demais, profundo demais. Quando falo e quando penso devoro minhas neuroses, fazendo malabarismos com palavras, tentando desvendar-lhes o significado.
Estivemos próximos, durante toda uma vida, trançados na mesma tessitura labiríntica, e agora mergulhei com você na melhor insanidade que já vivi. Eu mereço a alegria que senti na noite que passei ao seu lado. Nossas carícias, um e outro, apaziguaram um direito antigo. Sinto que algumas amarras de mim mesma foram desatadas e sigo adiante comtemplando a minha completude.
Não imaginei uma noite como aquela, não havia ainda percebido o desejo, nem o meu, nem o seu, mas uma verdade magnífica emergiu. Curvei-me perante estes desejos e acho que jamais fiz algo que me fizesse tão bem. Falo a você com toda a simplicidade, você foi o homem mais inteiro que tive em minha cama, e isso é minha verdade incontestável. Talvez tenha sido por todo afeto acumulado em nossas vidas, o respeito pelas pessoas que somos. Mas nunca, nunca conheci alguém que me desse tanto carinho. Minha própria sensualidade e desejos fizeram com que outras relações fossem mais físicas e virais. Com você conheci o todo. Costumava enterrar meu defeito monstruoso, minha exuberância de amor, sob uma montanha de trivialidades. Com você não, eu não precisei deixar de ser nada.
Enfim, o que quero lhe dizer é que você me fez muito feliz, coisa que jamais vou esquecer, e que espero, só faça nos aproximar mais, nos respeitar mais (se for possível) e principalmente aprofundar nossa amizade. Estou sendo prolixa, me desculpe, é mais um de meus defeitos.
Depois que você foi embora, liberou em mim um enorme desejo de poesia e escrevi sem parar, sem dormir, transbordante como se estivesse sentada à beira de um vulcão.
Se tiver vontade de voltar um dia (o que quero muito), me fará feliz outra vez, me fará reencontrar a leveza que estou sentindo agora. 


PARA VOCÊ

Toda dor humana e falível esmaeceu,
tudo se dissolveu.
Meu corpo consciente do seu,
a  carne bela, incandescente,
a voz fulgurante
os olhos azuis inescrutáveis,
os gestos, a presença, o corpo
demasiado terno, demasiado frágil,
demasiado homem.
Começou com a embriaguez do passado,
a embriaguez mais bela
armada de narcóticos abstratos.
Um universo de sensações suspensas.
Absorvi um prazer desconhecido
lancei-me na imensidão,
cama desfeita,
lençóis em desordem.
Carreguei meu êxtase junto a meus seios
para preservá-lo gota a gota.
Erotismo e sensualidade com outro significado para mim.
Outono chegando
e eu ainda cheia de verão.
Quando você descansou
me fiz pequena em seus braços.
Pensar nisso me eleva da vida comum.
Bato a cabeça contra a parede do mundo.