terça-feira, 25 de julho de 2017

CARTA SOBRE UM SONHO PERDIDO



QUE ESPÉCIE DE LAGARTA SOU EU?



Vivo agora um profundo retorno à solidão. Uma solidão que, na verdade, nunca deixou de existir. Uma solidão camuflada sobre amores fugazes e que agora havia sido entorpecida por um único e verdadeiro sentimento de afeto e respeito, além de um forte e maravilhoso desejo. E era este sentimento que me fazia crer que ainda poderia ser feliz, que me fazia acreditar que uma noite, uma árvore e a lua, pudessem significar uma vida.
E é no momento em que me sinto traída nesta fé que a solidão toma proporções ainda maiores.
Tento, e acredito, que nesta existência, devo ser coerente e que esta coerência é fundamental para direcionar minha vida, mas basta uma lembrança para que toda esta determinação seja destruída e meu coração seja capaz de anular completamente a razão. Então, só posso pensar na noite, na árvore e na lua.
Sinto-me como que obrigada a manter todas as dores dentro de minhas lembranças, para não seguir do instante em que tudo se transformou e continuar, ignorando o futuro que já conheço e prevejo.
Em instantes, tudo que acreditei estar construindo, partiu-se em milhões de fragmentos. Não posso esconder os cacos de mim que estão espalhados em minha frente. Mas ao recolher meus cacos, sinto que eles penetram pela minha pele, sinto o sangue escorrendo, tenho ganas de abandonar tudo, então a razão grita: chega!
Até onde pode ir um desejo, o respeito e o afeto por outra pessoa, a esperança depositada no sonho de ser feliz? Imagino este limite próximo ao “amor-próprio”. Falta coragem, não sei se para recolher meus cacos, ou fugir desesperadamente, buscando o ponto de ruptura, colando antes de estilhaçar.
Hoje não é a fé no homem ou no amor que me governa, mas um enorme conflito entre  sonho e desesperança é que me faz respirar. Percebo, então, que nem as asas da minha própria liberdade eu possuo mais. Se é verdade que eu dia eu as tive e soube voar.
Estou vazia na emoção e na perspectiva. Penso se é possível continuar sem fé, sem acreditar na possibilidade de amor entre um homem e uma mulher, sabendo que o amor existe, que um dia o experimentei e agora acreditei que ele poderia surgir novamente.
Como conseguir seguir qualquer caminho, seja ele qual for, se  meu direito sobre minha própria vida e minhas condições de sobrevivência estão completamente violadas? Como serei capaz de me recuperar desta mutilação afetiva, que tipo de lagarta sou eu?
Eu que me descubro agora, debatendo desesperadamente contra a correnteza, para me manter como sempre fui, crédula.
Eu que um dia consegui amar e ser amada.
Enche-me de medo encontrar esta mulher que vejo no espelho, esta nova mulher que nasce deste conflito, lembrança, prazer, ausência, alegria, tristezas...
Quem será esta mulher?
Eu continuo me desejando crendo na noite, na árvore, na lua, mas aquela mulher não ouve mais meu coração, eu grito e ela não vem. Está ficando lá atrás e é assustador continuar sem ela. Não tenho norte, e seja qual for o caminho, ela não me acompanha. Sinto-me abandonada por mim, como se minha sombra se apagasse. Será que aquela que eu fui morreu, ou a minha mutilação me impede de caminhar? Se realmente perdi a fé, é o que de mais triste me aconteceu e ao mesmo tempo, queria entender essa mulher que eu era, a que ficou no caminho, busca-la, para que agora eu não transforme a solidão em minha companheira.
Mas acredito que o que mais odeio é que vou continuar sem ela. Provavelmente essa que era eu não sobreviverá à mutilação, ficarei apenas eu.
Talvez agora eu seja uma camaleoa e à medida que minha alma vai se refazendo da fé perdida, vou me transmutando em outras mulheres. Carregar um corpo mutilado me cansa.
Meus passos agora são lentos, na esperança de que aquela que eu fui me siga, mas meu medo maior é saber que, com o passar do tempo, ela vai ficar esquecida e provavelmente nunca me alcançará novamente.
Agora não quero ajuda.
Não acredito mais nas pegadas que indicam o caminho.
Gosto de você e vou gostar sempre, pois o admiro como homem e como ser-humano.
Beijos

        

domingo, 28 de maio de 2017

PARA VOCÊ QUE CHEGOU AGORA



Sim. Nós sobrevivemos. 



Ninguém morre de amor, mas ficamos moribundos por um tempo e vamos caminhando com passos tortos, e mesmo depois disto, não sabemos ao certo se estamos prontos para o novo, sem revisar o passado.
Já vivemos tantas verdades incompletas, tantos desejos camuflados, tantas fugas de nosso mundo interno, que chegamos a acreditar que ele fosse invisível aos nossos olhos.
Acreditamos que chegou o momento de deixarmos de refletir pouca sombra, sombra de alma que não se encaixa bem no corpo, alma pouca.
Sabemos faz tanto tempo, que no amor é preciso se perder, para que um dia possamos nos reconstruir. Mas perder-se no amor, algumas vezes, dói tanto...
Então, depois desse tempo indispensável à minha alma, você chegou.
Não vou dizer que demorou... mas que estava por aí, no mundo, cuidando também de seus amores, pois todas as coisas imortais estão no mundo, cada intelecto, cada Deus pessoal, cada alma iluminada pelo universo.
Não quero que você ultrapasse seu tempo, assine um contrato, ou algo parecido com um termo de posse.

- Para você que chegou agora na minha vida e bateu na minha porta, tenho primeiro a dizer que gostar é deixar voar. Gostar não combina com egoísmo ou prisão.
- Para você que chegou agora na minha vida, saiba que não é a solução de minhas dificuldades, ao mesmo tempo, é maravilhoso sentir que se preocupa com elas, mas isto me basta, não quero que as tome como suas.
- Para você que chegou agora na minha vida, é fundamental que eu diga que não preciso de muito para ser feliz: seu sorriso, seu toque, sua alegria, seu beijo, já são para mim uma linda perdição. E é me perdendo neles que sou feliz.
- Para você que chegou agora na minha vida, e bateu na minha porta, fique à vontade e a deixe aberta para quando quiser sair, ou até mesmo ir embora. Só quero você, se quiser ficar. Eu quero que fique, mas cabe a nós a coragem de abandonar sentimentos e medos antigos, que de alguma forma, já são confortáveis... e mergulhar outra vez.
Devo ainda dizer que não tenho mais medos de tempestades e ventanias, mas isso sou eu. Até meu medo do frio da alma passou.
- Para você que chegou agora na minha vida, preciso lhe dizer que em alguns dias vou querer estar só, vivenciar minha filha, alguma amiga que não vejo faz muito tempo, sentar no alto de uma montanha para pensar ou escrever, ou meditar. Mas que em outros serei feliz além dos limites, tendo você ao meu lado, esparramados no sofá vendo um filme e comendo pipoca com guaraná, arriscando uns amassos como namorados, depois fazer um amor gostoso, no chão, na cozinha, na cama, no chuveiro. E conversarmos sobre a vida, e ler alguma bela poesia e poder dormir ao som da sua voz.
- Para você que chegou agora na minha vida, tenho um pedido: todas as vezes que nos encontrarmos, que nosso beijo tenha o mesmo sabor do primeiro beijo.
E se depois de tudo isto, você quiser ficar, será importante que nos apaixonemos todos os dias e nunca venhamos a nos esquecer o que nos fez querer um ao outro.
Se você realmente quiser ficar, deixe seu suave perfume na minha cama, quando voltar para a sua, mas que mesmo suave, este perfume tenha aroma de macho no cio.
Se quiser ficar, quando sair, tenha a certeza de que deixarei a porta aberta, para quando quiser voltar.
E se quiser ficar. que fique bem, que seja leve e suave, mesmo diante dos problemas. Já aprendemos que tudo tem solução. E que sejamos um para o outro, a calmaria depois de um dia turbulento.
Se ficar, não se vá por um motivo qualquer, daqueles sem importância, que nos faz dizer palavras que nunca seriam ditas, para que a gente aprenda a não banalizar um sentimento tão raro.
Se ficar, nunca se assuste com a ternura, não a confunda com domínio, apenas permita que minha mão pouse na sua.
Se ficar me ajude a não deixar a mesmice nos atormentar, que tudo recomece a cada dia e seja um novo dia.
Saiba ainda que a dor inconfundível do amor às vezes acontece, mas não vamos rebaixá-la à condição de utilidade (nem a dor, nem o amor).
Se ficar, beba meu mel, meu fel, meu sal, meu sol, prove todos os gostos da minha pele, e permita que eu faça o mesmo com você.
Se ficar na minha vida, que nos tomemos pela mão e estejamos juntos de corpo e alma, sem nunca esquecer que somos indivíduos.
Se ficar, saiba que a nossa história ainda vai ser escrita, só não permita nunca que seus olhos fujam dos meus.
Com toda minha esperança, recebo você.

Madu Dumont

ACREDITAR OUTRA VEZ,,,

JARDINEIRA DO AMOR



A primeira coisa que vi foram seus olhos, que além do azul brilhante que irradiavam, o que não era o mais importante, havia neles uma sedução escondida em uma natureza quieta, dócil, às vezes esperta, outras vezes devassa.
Mas foi bem lá no fundo que percebi uma tristeza talvez camuflada por todas as dores de uma vida vivida.
Tristeza perigosa, (isso eu ainda não sabia) de alguém que merecia ser muito bem cuidado, acarinhado, protegido, mimado.

Olhos sim, mas depois atitudes cheias de um generoso charme, atraente, diplomático. Naturalmente fui percebendo a inteligência e o romantismo, que lhe são naturais.

A presença constante, telefonemas, mensagens, pelas quais eu esperava o dia todo, geraram em mim desejos perigosos que já estavam guardados, adormecidos.

Acreditar - acreditar, como senti um medo enorme de acreditar outra vez. Eu que já havia prometido nunca mais crer. Havia prometido que não daria a chance de que ninguém mais abriria antigas feridas trancadas à sete chaves na minha alma.


Mas tenho esta velha mania de jardineira, de plantar mais um vaso, com uma muda de esperança nas feridas que nem mesmo haviam ainda cicatrizado.

Confiei outra vez, rápido demais, entreguei meu corpo e recebi o seu em um delírio de prazer. Seu domínio, suas ordens, sua força, em momentos do mais completo êxtase.  

Fui triste  por suas antigas tristezas e fui feliz por suas alegrias renovadas.

MEU MEDO AUMENTOU, o medo que sempre tive da ilusão, mas é como se ele deixasse de existir quando você disse "nossa casa". E faz tanto tempo que eu queria ouvir essas palavras outra vez.
Acreditar com a esperança de que minha dor não mais reaparecerá, que minha alma não mais se partirá.

Minha fé no homem que eu quase não conheço, o homem que é você, chega a ser inocente, mesmo depois de quase uma vida inteira vivida.
O prazer do sexo, sentindo outra vez confiança, é infinitamente melhor, queria que você me colocasse dentro de você e algumas vezes, sinto que é isso que acontece.



Ambos ainda sentimos o desejo de tentar mais uma vez e de que nesta vez possamos ser felizes. Esperança, é a palavra chave, mas ver umas poucas roupas suas em meu armário, me devolve o que quero de melhor e sei que posso retribuir este melhor. 

Poderia falar de quem eu sou e o que tenho a oferecer, mas aqui quero falar de você. Você meu homem, tantas vezes forte, tantas vezes (sem que nem perceba) frágil, mas corajoso e cheio de fé na vida, sedutor, popular e completamente bem humorado.

Por mais que busque em minha memória alguém que dorme sorrindo e brincando, depois exausto de amor, acorde sorrindo... não encontro.

E a vontade que fica é a de começar tudo outra vez, mais e mais vezes, você merece e eu também mereço.

Desta vez além da jardineira das flores vermelhas e amarelas, quero ser a jardineira de você.

Talvez um dia venhamos a nos apaixonar profundamente. Talvez possamos sempre continuar a nos fazer felizes como neste suave sentimento.

Quando comecei a escrever, queria apenas falar de você. Não consegui, me inclui na sua história, pois aquele medo do qual falei antes ainda existe. Então te peço uma coisa, se o que sente não for por inteiro, não destrua minha esperança, não me abra mais uma ferida. Garanto que não o farei com você.

Só mais uma coisa, não - duas, você é precioso e a outra é que estou deitada na nossa cama, vestida com seu moletom gostoso - vou dormir com você em mim.


Madu Dumont - 28/05/2017


quinta-feira, 11 de maio de 2017

AMOR VIRTUAL

SOMOS PERSONAGENS NESTA TELA


Não estamos aqui por qualquer outro motivo que não seja o medo.
É verdade, depois de viver quase que uma vida inteira, descobrimos que tememos o amor.

Já não temos coragem de olhar fundo e verdadeiramente nos olhos de outro alguém. Por isso estamos aqui, procurando um amor virtual.

Aqui a dor não nos ameaça, nem o sofrimento ou a desilusão, pois não existe a maciez do toque, não existem carícias, nem o cheiro da pele, ou o suor do amor feito, nem o sabor inebriante ou a dor inevitável do sexo, não existe o brilho do olhar.

Aqui é onde podemos encontrar outros iguais a nós que vivem da fantasia de um amor perfeito atrás da tela morta e imóvel.

Aqui damos vazão às nossas fantasias.

Aqui não importa a verdade, mesmo que ela nos intrigue, não importa a sinceridade dos sentimentos.

Aqui jamais seremos presos por um cadeado de carne.

Aqui seremos apenas cada um de nós, com os sonhos que nós mesmos sonhamos, com a ilusão que nós mesmos criamos. E ninguém jamais saberá se somos verdade ou personagens de um teatro imaginário.

Aqui ninguém arrancará nossas máscaras, e com elas a nossa pele. Não sangramos, mas a realidade ri de nós como uma velha... sem dentes; que se compraz no nosso medo, e não conseguimos ver o quanto a velha é feia em sua gargalhada estridente.

Quando vem o dia nossa vida corre sem atribulações, não é necessária a espera, ninguém disse que chegaria.

Quando vem a noite estamos sós, mas basta fechar os olhos e dar vazão a emoção de imaginar o amor.

Aqui sentimos o prazer, vemos alguém que foi traduzido por uma foto, e algumas palavras escritas. 


Encontramos com nosso parceiro virtual e nesse quase funeral do amor, nosso luto é a saudade de um tempo em que não existia o medo, e saudade... Saudade não tem cor. 

Madu Dumont

sexta-feira, 28 de abril de 2017

SEREI EU



SERÁ MINHA A CORAGEM, SEREI EU



Minha força está sangrando e é um contra-senso, pois sinto que estou grávida de futuro.



Agora sigo. Não me basta ter pensado, ter sentido.
As perguntas surgem sem respostas (nunca sei as respostas), não conheço a verdade e admito – a verdade é às vezes, irreconhecível.
Se não tenho medo de novas tempestades nem de ventanias, serei obrigada a viver esta nova realidade que me ultrapassa.
Será minha a coragem de abandonar sentimentos antigos, já confortáveis e mergulhar em minha nova história.
Esquecer por completo a comodidade de permanecer neste mundo impessoal, em que me refugiei, sem alcançar nem o pior nem o melhor, recebendo e dando a mim mesma meu triste e parco afeto.
Não quero mais me adornar de mim e passar o longo tempo do dia representando o papel de ser, sem absolutamente nada ser, apenas refletir pouca sombra. Sombra de alma que não se encaixa bem no corpo, alma pouca e atordoada.
Não serei mais privada de mim, serei eu mesma, não a ilusão de outro “ser”, por mais que isto me pareça distante, ou difícil, ou dolorido... Mas se eu continuar, e souber esperar, a dor acaba por passar. Sempre passa.




Eu, que já morri tantas vezes, renasci sem sentir o gosto do novo, quero morrer outras tantas vezes, para ressurgir, experimentar de novo, outra vez. Ou nunca mais morrer, ou nunca mais viver, várias vidas em uma.
Nunca mais acordar sem saber quem sou, e depois me lembrar vagamente, que sou uma mulher e devo agir como mulher, seguir o destino que me ensinaram. Não, nunca mais.
Experimentar quase tudo, a paixão e o seu desespero, a felicidade e a desventura, a dor inconfundível do amor (sem nunca mais rebaixa-lo à condição de utilidade), a ilusão do querer ser, a simplicidade de um sorriso, o grito, a loucura sem remissão, o engano. Embriagar-me com o ar da manhã, caminhar sem ter para onde, e chegar onde desejei chegar. Seguir ao acaso e ser um acaso (todos de alguma forma o somos). Mergulhar em minhas alegrias, e na falta delas encontrar minhas tristezas, e mergulhar de novo. E sonhar. Dar-me o direito de sonhar sempre, todos os sonhos que me neguei. Perder o medo da ternura e me entregar ao carinho, ao toque, à suavidade de um encontro que pode incessantemente viver até o mundo acabar. E toda noite lembrar-me de como foi o dia, sem permitir a invasão da mesmice. E que cada hora seja uma hora devida no cálculo da memória. E mais ainda, encontrar-me comigo mesma, e sofrer um pouco, o que também pode ser um prazer maligno. Nunca esquecer meus medos e meus tédios. 
Nada de fórmulas, nem formas para viver, mas sempre me recordar de que o destino de uma mulher é ser mulher, nem que seja no instante quase dolorido, e alucinado, e embriagador, do amor.
Minha força está sangrando e é um contra-senso, pois sinto que estou grávida de futuro.
Parto para o dia e para a vida. Minha história ainda vai ser escrita.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

BEM VINDO AO MEU DELÍRIO



ABISMO




Ouço a razão de meu instinto,
o último eco da dúvida.
Esqueço as palavras,
viajo ao fim da noite,
acima do abismo mais profundo.
Por momentos, meu espírito fraqueja,
temo desabar.

Temo minha fome insaciável,
parte de uma imensa teia.
Teia de mentiras.
Chego às profundezas das fraquezas
e dos delírios íntimos.
Uma falsidade fascinante,
labiríntica,
fluida,
irrefreável como água.

Mundo artificial,
coagulado
                      e 
morto, cobrindo
minhas emoções
com véus de hipocrisia.
Como uma mandrágora diante do toque humano – grito.
Sou um veneno que não atinge somente a carne,
mas alcança os recônditos mais profundos.
Raiva,
ciúme,
colisão,
tudo despido de poesia. 

 
Madu Dumont

AMIGO É AMOR... OU MUITO MAIS


PARA VOCÊ MEU AMOR AMIGO



AMIGO, que lindo nome é esse: "AMIGO".
Que força extraordinária eu sinto quando penso: tenho um "AMIGO".
Que emoção profunda em saber que você existe.
Você meu AMIGO, talvez seja o grande encenador da minha vida, talvez seja você um acaso cheio de misericórdia e encantamento, um fascínio cativante.
AMIGO, você é aquele ser que pode transformar dentro de mim, uma superfície plana e vazia em um enorme rio caudaloso, onde posso nadar, mergulhar e me expandir livremente.

Ao longo do nosso percurso AMIGO, o tempo nos desviou pela distância e tribulações de todo dia, que nos afasta dos desejos semelhantes, dos sonhos que gostaríamos de sonhar juntos, da esperança de dividir esperanças, das fantasias, mas que ao mesmo tempo fazem de nós, as pessoas insubstituíveis que somos.
Mesmo seu exterior (gravado em minha mente), ou as poucas palavras que às vezes trocamos, continuam sendo sempre um pedaço do seu interior, sem falar dos pensamentos que produzem em minha alma tão estranha e às vezes sem direção, uma coragem gostosa, um caminho que geralmente é o mais acertado. Pode ser que você nem perceba.

Se um pintor tivesse que te retratar, teria que te representar AMIGO, de braços abertos, desesperado... na vã tentativa de colocar dentro de seu abraço todos que ama, e sei AMIGO, que eu estaria lá, entre seus braços infinitos.
Recriei você dentro de mim e tentei extrair de sua mente a imagem de mim que você criou, unicamente para tentar ser melhor e merecer o que você me oferece.
Tudo que vivemos, todas as nossas experiências, têm uma forma pessoal de como as vemos. 


Agora, por exemplo, neste meu mais difícil momento, com a força que só de pensar em você eu sinto (não vou decepcioná-lo), vem a coragem de acreditar que viver este momento vale a pena.
Estou começando a ajudar o meu olhar a encontrar a estrada para dentro do meu mais profundo interior. Venho lentamente iluminando meu corpo, meus órgãos, meus sentidos e essa luz tem uma força especial, pois me mostra que você AMIGO, está em cada uma de minhas células, que corre no meu sangue, que invade meu pulmão, que envolve com delicadeza meu coração. Por onde olho dentro de mim vejo sua silhueta.

É verdade AMIGO, um anjo negro tentou desesperadamente apagar essa luz, mas nem com toda sombra que ele carrega, pode impedir que o amor se mostrasse e curasse minha alma.
Você AMIGO, me ensinou a enfrentá-lo com seu carinho, seu cuidado, com suas palavras que me tocam fundo e que não permito que nenhuma me escape, é como se eu as recolhesse no ar, correndo de um lado a outro, para que nenhuma se perca. As prenderei para sempre dentro de uma rede chamada gratidão.

Além disso AMIGO, nunca me esquecerei que uma parte da dignidade humana está na força de enfrentarmos nosso próprio destino, mesmo que em alguns momentos eu acredite que seja o mais difícil. É nessa hora que me lembro que estou dentro do seu abraço que aquele pintor ainda vai retratar.
"AMIGO" você é sinônimo de amor.

Madu Dumont


domingo, 26 de março de 2017

UTOPIA



MUITO MAIS QUE SONHO, ILUSÕES...




É impossível um momento se repetir, impossível um sentimento se repetir, um amor se repetir é uma ilusão.
A vida não é um moto contínuo, a vida não tem volta. Ela sempre seguirá em frente, mesmo que por um tempo, tenhamos perdido seu ritmo.
Hoje somos apenas fotografias, de um passado próximo ou longínquo, aprisionadas em um porta-retratos e perdendo as cores, na estante da sala.
Talvez as cores estejam esmaecendo porque a nós dois falta um ato de extrema importância: coragem.
Coragem para seguirmos nossas verdades, nossos sentimentos, emoções. A coragem de sermos nós mesmos, vivemos mascarados, nos fantasiando um para o outro na esperança de salvar algo que talvez nunca tenha existido.
Nos embaraçamos em forçadas emoções, dualidades, sentimentos vazios, até que chegamos ao sexo. Urgente no princípio e esquecido no presente. Gritos e gemidos que não chegam nem a ser ouvidos: meu timo dói. Depois o vazio, que disfarçamos segurando nossas mãos e fingindo dormir um sono que nunca chega.
Nos prometemos um dia, acho que foi quando fizemos a foto da estante, que seríamos a verdade um do outro.
Não consigo precisar quando começarão nossas mentiras veladas.
Hoje olho para aquela triste fotografia e custo a acreditar que somos nós dois. Sorriamos um sorriso cheio de amor e reflito que naquele momento aquela era nossa verdade. Bastava um ao lado do outro e poderíamos ser tudo que sonhamos.
Eu usaria o perfume da terra úmida, você o da grama recém aparada. Nossas peles teriam a cor do sol no fim do dia. Suas palavras, tão ricas, tão importantes, tão lindas, tão cheias de amor, que eu me desesperava na tentativa de pegar todas com minhas mãos, para que elas não se perdessem
Viveríamos serenos como a madrugada ao lado do mar, ouvindo as ondas, ou no topo de uma montanha tentando entender a linguagem do vento.
Acreditávamos que éramos reais, e o amor também, tão real que podíamos tocá-lo.
Pensávamos que no nosso sonho utópico, chegaríamos à perfeição.
Não sei em que momento percebemos que não havia mar, não havia montanha.
Nunca ouvimos as ondas, nem deciframos a linguagem do vento.
Que meu perfume era Chanel nº 5 e o seu me provocava enjoo.
Que nossa presença já não nos bastava, tínhamos que estar rodeados de amigos, tomando vinhos de boa qualidade, e vestindo roupas de grife...
Que na verdade nunca acreditamos em fadas, duendes e fábulas.
Que um, era pedra, que o outro era árvore.´
Então traí você e não me senti culpada, queria até que você percebesse, mas não mais prestávamos atenção um no outro.
Foi nessa noite passada que percebi que seu líquido não molhou meu sexo, que meu desejo está seco, não tem uma gota de prazer. Que não preciso mais fingir.




Eu estou saindo, aproveitei e no caminho rasguei nossa foto. Não me procure, você não ficará só, a poesia lhe fará companhia.
Eu... não se preocupe, volto ao mundo real.


Madu Dumont

Posso lhe responder aqui, a poesia é mesmo a minha melhor confidente.


Quando o amor chega ao fim.


ILUSÕES


Tudo é uma grande verdade.
Vou para minha própria vida,
o meu atalho.
Sem raiva ruge o meu silêncio.
Não há outro caminho,
meu coração está vazio de mim e de você.
Sinto medo de viver o que não entendo. 
Sinto medo de ter perdido meu sonho,
de ser esmagado pelo acaso.
Meu coração insiste,
mergulha,
se perde.
Tempo de chorar, 
chorei, chorei, chorei, chorei...
Já estou com saudade do que fui.
Escondo o que chamo de alma,
para entender meu próprio segredo.
Só eu posso realizar 
meu destino fatal.
Sinto falta de minha grande ilusão.

sábado, 25 de março de 2017

SOU ASSIM...


UM POUCO DE MIM, UM POUCO DE VOCÊ, UM POUCO DE TODOS NÓS


Sou cada instante do meu tempo. Movimento do ar. Gota de água no mar, rajada de vento.
Conheço todas as teorias, nunca dominei as técnicas.
... Duas de mim ... Cinco de mim ... outras vezes, dez de mim. Sou uma por dia, ou por hora em cada noite de insônia, sou todos os instantes dos meus sonhos.
Em alguns momentos, vivo, esperneio, choro, agrido, em outros me arrependo e me transformo em você, sua calma, sua razão. tem horas que sou tão profundamente eu, que me dói tudo, nessa hora eu grito, um grito agudo, forte, longo, quase um uivar e mostro ao mundo toda minha dor.
Sou assim... cada separação e todos os encontros. Quadrado e círculo, música e silêncio. Sou a chuva molhando a terra, mas também sou o sol que faz arder a pele.
Sou dona do mundo, altiva, segura, destemida. Sou assim... várias de mim, sou cada beijo, cada toque, cada lambida, cada carinho, cada desmaiar de prazer, sou o suor que escorre, sou sexo, sou fogo, devoro o prazer.
Sou o filho que tive e a aridez do meu ventre. Sou várias de mim... duas... três... às vezes cinco... Então rasgo meus segredos inconfessáveis, pico em milhões de fragmentos de papel antigo e descubro que em cada pedaço mora uma poesia.
Sou assim... é assim que me exponho. Sinto medo, muito medo, sem defesa ou reservas, pois vivo na poesia, mas ninguém me encontra lá.
Sou dogma e mentira, a beleza e o poder do fogo, mas é com o gelo que eu quero queimar.




Sou fábulas, musgos, casebres e castelos. Sou assim... sou dama e sou puta, santa e canalha.
Sorrio por fora, por dentro um turbilhão de pensamentos, de possibilidades.
Explico detalhes que não devia me lembrar, mas não esqueço nada, não consigo esquecer toda dor do mundo. Sou a servidão e o tirano. Sou boazinha, mas sei muito bem manejar a faca. 
Sou o ontem , o hoje e a véspera.
Sou os livros que li e as páginas que ainda não abri.
No rosto nunca um sofrimento, no corpo uma explosão de prazer, porque sou o amor, o mais puro, verdadeiro, profundo. Sou o amor da minha mãe, da minha filha... Mas outra de mim é o amor de meu homem, que geme e grita, que desfalece de gozo. Sou aquela que tudo pode.
É melhor não me conhecer, fique com minhas letras, com as quais eu formo as palavras que quero, fique com minhas palavras, pois costumo transformá-las em poesia. Sou assim... Sou mil de mim e quem ficou por perto viu o fogo se espalhar. Nasci e renasci tantas vezes até perder as contas.
Fui ao olimpo, mas desci ao centro da terra. Não entendo como ainda consigo ter um lápis na mão.
E em um instante parece que meus ossos vão se desfazer em cinzas, mas vejo uma mulher inteira no espelho. Uma mulher capaz de pegar uma espada e cortar o ar. Sou a liberdade de ser.
Sou assim... os olhos do meu mundo e minha mais completa escuridão.
Não me olhe nos olhos, posso cegar os seus.
Sou assim... Faço amor até desfalecer, e quando desfaleço, quero mais.
Sou assim, sou mulher, sou amor, sou tudo, estou em tudo e o tudo mora em mim. 
Sou assim...


Madu Dumont

sexta-feira, 24 de março de 2017

ORAÇÃO DA MULHER SAGRADA




“Sagrada Força Feminina te saúdo e sinto tua presença se manifestando em meu Ser,
Através de meus pensamentos, palavras e ações.
Deixo que a Divina Presença da Mãe Cósmica me oriente com sua infinita sabedoria.
Ela está chegando, sinto sua Dança!
Ela está falando, ouço sua canção de Amor!
Ela está dentro e fora nas coisas mais simples e por isso perfeitas;
E seu templo sagrado é meu corpo de Mulher.
Seu pensamento agora é meu pensamento:
e só penso em Amor, só sinto Amor, e só vejo Amor
O mundo que percebo é fruto da minha percepção de Amor,
assim crio a minha 
realidade.
Abençoo meu dia e honro minha Deusa de mil nomes.
assim crio a magia que me ilumina e protege.
Saúdo a noite e honro minha Mãe Lua, suas sagradas fases comandam meu corpo de Mulher.
E assim me preservo saudável e com meus ciclos femininos em perfeita harmonia.
Saúdo o desconhecido, e assim honro e preservo meu poder oculto.
Saúdo as Forças da Natureza para que a Mãe Terra me proteja
E me oriente no Norte, no Sul, no Leste e no Oeste.
Honro a terra onde piso, a água que bebo e o meu alimento,
pois sei que tudo que fizer a esta Terra voltará para mim e para meus descendentes.
E assim me conecto ao coração de Gaia e à sua proteção maternal.
A deusa cuida do meu corpo e da minha alma,
assim estou em perfeita sincronia com o Universo
Do meu coração flui seus ensinamentos, suas palavras de sabedoria e sua força infinita.
E assim realizo minha divindade humana.
Em minha alma o Sagrado Feminino e o Sagrado Masculino se uniram em Amor e Êxtase,
Assim descobri o equilíbrio onde o ser humano deve estar.
Todo o Amor que nutre minha existência vem da Fonte Divina,
por isso não preciso que nenhum ser humano o faça por mim.


A Deusa abençoa meu corpo com seus sagrados encantos.
Assim a beleza da minha Alma se reflete em meu corpo feminino.
Da minha mente fluem os pensamentos e a criatividade,
que fazem minha existência ser especial e singular.
E assim realizo minha vocação maior

preservo meu coração limpo e leve como uma pena,
assim me permito ser livre e feliz para sempre.
Porque eu posso, eu mereço.
E que Assim Seja, porque Assim É.” 




Autor anônimo

quarta-feira, 15 de março de 2017

UMA TERNURA CUMPLICE



BASTA ACREDITAR... E TER ESPERANÇAS



... um homem, uma mulher. Nenhuma expectativa, apenas um início qualquer, um início que trazia um abraço carinhoso.
Não se conheciam, talvez fosse apenas o desejo de diminuir um pouco a solidão... de um e do outro. Nada mais que isso, o que encontrariam era incerto.

De repente, os momentos foram se transformando em alegrias. Longas conversas, deliciosos aprendizados, a emoção cresceu com uma naturalidade desconhecida. Todos os segredos foram revelados.

As palavras, as palavras surgiram e elas foram mágicas, as palavras construíram uma experiência diferente. As palavras foram as grandes responsáveis pelo respeito e pelo carinho e fizeram uma ponte por onde passaram as dores, as alegrias, os sorrisos, os conselhos e chegaram até as lágrimas.

Uma integração pouco comum surgiu, na verdade uma integração rara, que fez que em três ou quatro dias tudo houvesse evoluído para uma sensação especial. Uma sensação de companheirismo, como se estivessem juntos há muito tempo, mesmo que nunca estivessem estado antes. Não se iluda, não é uma coisa fácil, nem comum de acontecer, é necessário um longo tempo, aprendizado, conhecimento... Aqui não, simplesmente aconteceu.

Acordar cantando, tomar o café da manhã na varanda, a alegria, o bom humor, provocou momentos mágicos, que não foram forçados ou programados. Apenas mágicos.

O ver a água, o estar voando sobre a água, tudo contribuiu para que se tornasse uma história. Não uma história para sempre, nada é para sempre, mas um história que ainda pode ser escrita, vivida e provavelmente com um final feliz.
Não será a história de uma grande paixão, a paixão é fugaz demais, mas uma história de amor, de uma alma para outra alma.
Santo Agostinho disse: “a medida do amor é amar sem medida”, hoje eu acrescentaria que é amar sem expectativas, mas sempre... sempre com uma ternura cúmplice.

E além de tudo isso, houve o encontro físico, o desejo, o se tocar, o se beijar, o se acariciar, o se dar prazer, sem pensar no que virá amanhã, ou no que houve antes. Onde não existia passado nem futuro, mas uma liberdade completa e absoluta até suas pernas tremerem de prazer.
Para viver esse encontro não precisou que uma alma se dissolvesse na outra, bastou que se olhassem e se sentissem vivas. Reconheceram-se um nos olhos do outro. As peles ficaram marcadas, as cicatrizes podem provar.

A ausência, um novo encontro, não são nenhuma angústia, eles já estão um dentro do outro. E a saudade que está acontecendo, é amena, suave, como a saudade de um rosa que você viu em um jardim por onde passou. Saudade da esperança, do sonho, (a gente pode sonhar) basta acreditar.



Obrigada por aquele primeiro abraço...


Madu Dumont