terça-feira, 31 de janeiro de 2017
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
APRENDENDO A ME AMAR
MINHA HISTÓRIA
Tento fazer
nascer a minha história, mas constato que minha história mais explícita tem
segredos inconfessáveis. Passo a mão pelo meu corpo em um desejo de carícias,
sinto a pele eriçada pelo frio e experimento a maciez da seda misturando-se aos
primeiros ensejos da luz de um outro hoje. Talvez agora eu possa chegar à
verdade, talvez a verdade seja este encontro particular e inexplicável. Naturalmente,
vou sentindo-me tão interior e tão íntima que não existe agora nenhuma palavra
que possa me definir. Às vezes sinto
vontade de me enganar, mas neste momento quero viver minha vida incipiente, sem
ilusões, aquela que respira fundo e bem no fundo. Quero entender quem sou.
Percebo que
até agora caminhei, de fracasso em fracasso, de vitória em vitória, e me reduzi
ao que sou, presa a um corpo que nem sempre me acompanha, que demonstra, tantas
vezes, ter vontade própria e me deixa apenas migalhas para saciar minha fome
absoluta. Minha nudez é necessária, é como se eu ultrapassasse o último obstáculo
que me separa de mim mesma. E no esforço de não me enganar, concluo que estou
incompleta.
Sempre
conheci a culpa. Era fácil me redimir - a derrota me satisfazia, era um alento.
E usava o flagelo, o castigo, como salvação. A derrota me satisfazia porque
estava ligada a todos os fatos que foram, estavam ou seriam a causa de minhas
emoções e deixavam à mostra minhas fraquezas.
Penso agora
em meu maior defeito, a prepotência. Foi com ela que tentei me esconder da
vida, foi ela que me fez manipular minhas próprias emoções e acreditar
conseguir viver na superfície, sem mergulhar em sentimentos reais e que, vejo
agora, sempre existiram. Foram essas as minhas escolhas. Escondi tanto, tanto,
tanto, minhas dores e meus amores até acreditar-me incapaz de amar,
principalmente a mim mesma.
Quero
pensar no amor. Esse sentimento incompreensível e negado sempre solidificou
emoções no campo físico. Foram esses os desacertos que me fizeram viver até
hoje. Foi esta a grande crueldade que pratiquei comigo. Olho em volta, o hoje desvirgina
o céu e é lindo, acontece ao meu redor o tempo todo, é a vida. Esta é a vida
real. É a minha chance, minha oportunidade de viver o amor,( primeiro por mim
mesma) para que perca o medo e me dê o direito de sonhar e errar e “errar” em
meus sonhos. Apagar para sempre a personagem criada na dureza do fio da lâmina,
na indiferença, na superfície da matéria.
Sei que
amo, mesmo sem saber, mesmo sem dizer, porque amor é só sentimento e com amor
não se paga, é dado de graça, é levado por este vento que canta, não tem
definição em dicionários, não tem regulamentos. Amor não se troca, não se
conjuga, ama-se porque se ama. Amor é amar a tudo, é amar a nada, e se fortalece
apenas em si mesmo. Sinto que o amor é capaz de vencer a morte, por mais que se
“morra” (e se mate) de amor. Talvez seja o amor apenas um instante, um instante
de sentimento, de conclusão, de lembrança, e vários outros instantes que não me
lembro, ou não conheço, instantes sem razão.
Neste
instante, uma luz diferente pousou em minha pele, além da pele, nos músculos, nos
nervos, no sangue, nos ossos, uma luz branca, vermelha, alaranjada, o céu, o
infinito, girou em torno dos meus pensares feitos de sonhos e de ventos.
Descobri
que tenho destino (ou salvação... ou já me salvei).
Vou vestir
um vestido de seda azul.
Madu Dumont
domingo, 15 de janeiro de 2017
EU TE AMO
Meu
erro foi não ter olhado dentro de seus olhos antes.
Não
ter sido capaz de conquistar você, de tentar viver com você, ou ao menos mais perto por mais tempo.
Sei
que nós poderíamos ser felizes. Impossível não ser, pois foi dentro de seus
olhos que consegui enxergar uma galáxia cheia de estrelas desconhecidas, e
que
eu queria ter tempo para conhecer, para descobrir e entender cada uma delas.
Foi olhando seus olhos que assumi seu lugar. E sei que você também viu meus olhos e que não esquecerá nem um só instante de nós dois, mesmo que tente fingir que não se recorda. Foram suas as palavras de que naquele momento morreria feliz.
Não
consigo aceitar a ideia de não ter uma segunda chance.
Serei
feliz com os fragmentos de seu tempo, pois este será um tempo, em que você
será inteiro, eu e você. Não vai existir o mundo lá fora. E outra vez seus
olhos, e outra vez a felicidade, a inteiração, a forma como faz meu corpo
reagir ao seu toque. Quase que inacreditável para mim. E é nesse momento que consigo ler a sua alma, seus
pensamentos (o que tanto te assustou). E sei que cada vez que você se for, tudo terá sido tão grande que a vida para mim valeu a
pena.
Por
favor, não se amedronte é apenas uma alma falando a outra. Não existe mais
ninguém nesse nosso momento. Não existe dor, saudade, culpa, medo, somos eu e
você, nus um para o outro, almas nuas, corpos nus. Mas apenas nós dois. Nem a música pode fazer parte deste encontro.
Quero
nossas histórias fragmentadas e mutiladas, elas me bastam, pois jamais
significarão uma dor. Ter você em mim, perto de mim, é felicidade. Pode ser só
por um instante. Ninguém é feliz o tempo todo.
Quero me deliciar ouvindo suas histórias, quero te dizer das minhas mutilações e das minhas descobertas observando o mundo. Quero aprender o seu mundo.
Quero me deliciar ouvindo suas histórias, quero te dizer das minhas mutilações e das minhas descobertas observando o mundo. Quero aprender o seu mundo.
Quero
que você se delicie com a liberdade de brincar com meu corpo, da maneira que
quiser, e eu com o seu, nos tornando um dentro do outro.
Peço-lhe,
não me deixe em um labirinto sem saída, porque não tenho medo e vou entrar na porta
que vai me levar outra vez à vida, cada vez mais forte, e você pode não estar
lá. E eu quero que esteja.
Decidi
te mostrar o meu melhor lado, aquele que guardei só para mim, mas que assustada
percebi que as estrelas dentro dos seus olhos podem ver. Hoje resolvi te
mostrar meu lado oculto do amor, sem medo, puro e genuíno. Hoje resolvi te
mostrar um eu que só eu conheço, retornar àquele momento em que fui o nada, quando
nasci pela primeira vez e com o correr
dos anos, meus outros vários renascimentos.
Minha
mente nunca será capaz de compreender o infinito, (apesar de você pensar que
sei tudo, posso lhe garantir que nada sei) nem sequer entender verdadeiramente
os sentimentos que nos possuem, que se tornam senhores de nossas emoções. Mas
compreendo que tudo tem uma lógica (por mais particular que ela seja). E uma
das poucas coisas que sei é exatamente que você: você mesmo... sabe muito mais
do que demostra ou permite que os outros vejam.
Temos
o dom da imortalidade, e acredite sempre, que se você não gosta de quem você é;
eu gosto. Creia que vale a pena gostar de você. E esse gostar vem
de sua alma, sua pureza, singeleza. Você é muito, muito mais que imagina ser. Sinto
inveja das coisas e das pessoas que podem viver ao seu redor. Sinto inveja da
caneta com que você escreve, da roupa que veste, da água que bebe.
Hoje
trouxe você definitivamente para minha casa: comprei uma planta, que tem as
folhas claras como a sua pele, que é suave e simples como você, e sensível, muito
sensível, precisa do sol e da brisa, precisa ser cuidada, ser amada... Prometo
que conversarei com ela todas as manhãs. Talvez faça dela minha confidente.
Quero
que você entenda e acredite que não existe dor no que sinto; toda vez que olhar
para essa planta, sua lembrança me trará um prazer exato, o maior e melhor
que já senti, quem sabe até um orgasmo. O prazer da felicidade, pois se faço
parte de um todo, também sou ele de alguma forma.
Queria
terminar esta carta de uma maneira diferente, mas nada, não consigo pensar em
nada, nada me vem à cabeça além de uma palavra pela qual tenho um grande
respeito e sempre tive temor em pronunciar. A palavra AMOR.
Madu Dumont
sábado, 14 de janeiro de 2017
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
O TUDO
APENAS PENSO
Sim,
penso em um fato qualquer – uma chegada, uma partida, um momento, um carinho, um
toque – coisas simples que acontecem no correr do dia – todos os dias e que
fazem parte do todo que somos, do nosso todo que podia ter sido outro, mas é
este.
Penso
no amor que um dia compartilhamos e hoje procuramos desesperadamente sem saber
se um dia será possível reencontrar.
Penso
na loucura, aquela que sou eu e não sei quem sou, aquele que é você,
acreditando que é de verdade. Porque a loucura é linda, pois ela é livre, ela
voa, ela sonha, ela constrói castelos em que podemos nos esconder da loucura
que não é loucura, é a insanidade da destruição.
Então
penso nas montanhas que já estão no passado, no vento cantando como um corte no
ar, penso quando vi pela primeira vez a nuvem entrando pela minha janela e eu
sentindo em minha pele sua suavidade. Nessa hora penso na saudade do que não
mais posso ter, ouvir ou ver. Na liberdade dos sonhos quando tentava descobrir
qual a língua do vento que só o topo da montanha entende.
Penso
na vida sem afeto, quando a gente acredita que é amor, apenas porque o outro
sabe dizer, mas não viver. Penso na emoção do momento criação que pode ser amor
ou vingança.
Então
penso na delicia da água na garganta da sede e percebo que sei coisas demais,
mas é o desconhecer que me habita.
Penso
nas variações da luz, a do sol e a da lua. Muita sombra ou pouca sombra: tênue,
difusa, pronta para os amantes.
Penso
na verdade, deturpada ou incompreendida toda vez que é dita.
Penso
no homem e no quase nada que finge viver, quando vive...
E
penso no tempo, que vagueia em lenta delicadeza e que o homem tenta alcançar,
mas lhe foge entre os dedos e o faz equivocar.
Penso
na nossa indolência diante da força dos sentimentos e de como não sabemos lidar
com eles.
Penso
no olhar, e no que dizem os olhos que não sabem ver.
Penso
no filho que tive e naquele que não nasceu.
Penso
que estou grávida de mim. Vou nascer mais uma vez, ou já nasci?
Apenas
algumas coisas entre as coisas que penso.
Madu Dumont
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
COMO É SOLITÁRIA A MADRUGADA
Como é solitária a madrugada... bastava uma alma, mas aquela alma verdadeira
que uma noite te fez sonhar, que você admirava... para te dizer algumas palavras,
talvez ler um poema, até que o som suave daquela voz, que se parecia mais um
sussurro, ou uma música, embalasse seu sono, ao invés de transformar o silêncio
em uma escultura.
Amenizasse a angústia da ausência de todos os sons que
se aquietam quando as luzes se apagam e apenas lá longe, distante da janela, você ouve os passos de um homem, ou o latido de um cão.
Como é solitária a madrugada quando surge um desejo patético
e insensato de voltar no tempo e sentir a mão que já te acariciou. O calor do
corpo que já se aconchegou ao seu. Mas você já não tem como procurar aquela
alma da qual já não se sabe nada. Aquela com quem você podia falar de coisas
como a lealdade, o amor e até sobre a morte.
Será que vale a pena pensar no que foi feito do amor? Não
só do seu amor, mas do amor do homem, que se tornou tão feio, vazio, e tão só?
Por que dói tanto olhar o mundo quando amanhece e você descobre que o amor
morreu. Morreu de tédio, morreu de velho, morreu de uma doença incurável.
Como é solitária a madrugada onde esses pensamentos se
instalam e você só quer se dobrar sobre você mesma, esconder o rosto com as
mãos e chorar, e o corpo estremecer, e as veias das mãos tremerem e descobrir
que não chora só por você, chora pelos homens que já não sabem amar, chora e
não tem mais um braço que te pouse sobre o ombro e te console a falta do amor
humano, que te convença que o mundo e os homens ainda podem se salvar.
Como é solitária a madrugada diante do desejo de ainda
sentir um carinho e de voltar a dormir aconchegada.
Hoje a saudade tomou conta de você... Na solitária e silenciosa madrugada.
Madu Dumont
Para Rayane
sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
O ENCONTRO DA MORTE E DO AMOR
A nossa única defesa contra a morte
é o amor
Saramago
O AMOR E A MORTE
Até um tempo de nossas vidas onde a morte, (quando muito) era palco
de nossas investigações infantis. O amor não, nós o conhecemos desde nosso
primeiro momento.
O tempo passa rápido e começamos a buscar entender as
dores, da morte e do amor, pois um dia elas nos atingem.
Então quem era importante, talvez importante demais, se
vai e deixa o vazio do amor e da morte, e nós como um inseto preso dentro de um
vidro ou como uma flor de interior, sem raiz e girando em busca da luz ou da
liberdade, não sabemos qual direção tomar.
Então pensamos: estamos vivos aqui, mas não conseguimos
ver o filme até o final, não sabemos como termina. Alguém por favor destampe
este vidro para que possamos voar, plante esta muda em um jardim, para que
nossas flores possam nascer, para que nós possamos criar raízes novamente.
O início é sempre mais difícil, às vezes acontece uma
vontade insensata de pegar o telefone e simplesmente pedir ao nosso amor um
conselho, dizer de uma alegria, de um sucesso, ou até mesmo de uma dor. Tem
momentos que queremos apenas dizer “eu te amo”. E este início deveria saber a
tortura que é.
Viver o momento é certo e belo, mas quando ele se torna
impossível, parece que a falta consegue ser ainda maior e nós nem sabemos o
que isto significa. Sabemos apenas que precisamos de anos para entender a
duração de um único dia.
Quanto à vida... ela vai seguindo seu tempo, acontece o
mesmo que acontece todo dia, mas parece
que o amanhecer é sempre anunciado por uma luz desbotada, suave e
reconciliadora que nos trás a consciência da brevidade do tempo. Uma luz que
anuncia o fim irrevogável de um ciclo da natureza, de um trecho de nossas
vidas.
Se alguém pensa que estou a falar de tristezas, não.
Tristezas não, talvez um susto silencioso quando percebemos que o tempo passou
rápido demais e o que era dor, tornou-se lembrança. Só nunca deixou de ser
amor.
A questão mais importante que entendemos é mesmo o
tempo. Descobrimos que ele passou por nós, escorreu entre nossos dedos, chegou
a parecer um tempo perdido... Aí é que nos enganamos, o que fizemos com o amor
que sentimos ainda vive dentro de nós, assim como aprendemos a lidar com a
saudade, com a vontade de falar e ouvir. Com aquele rosto que ficou desenhado
em nossa lembrança e que por mais esforço que façamos, (como uma foto antiga), vai aos poucos
esmaecendo.
Nada foi perdido, pois cada um dos nossos amores que
partiu, deixou de ser apenas mais alguém, hoje vive dentro de nós. E nós,
idiotas, ainda perdemos tempo pensando na dor, até descobrir que são eles,
esses amores e todos os outros que vieram ou virão, e melhor... na verdade somos nós mesmos a
alegria da luz de todo dia.
O vidro se abre, voamos outra vez. Voltamos a viver no
jardim, deixamos uma cicatriz no chão de terra e sentimos a flor que nasce, mas
desta vez, na nossa pele.
MaduDumont
O AMOR E A MORTE
Até um tempo de nossas vidas onde a morte, (quando muito) era palco
de nossas investigações infantis. O amor não, nós o conhecemos desde nosso
primeiro momento.
O tempo passa rápido e começamos a buscar entender as
dores, da morte e do amor, pois um dia elas nos atingem.
Então quem era importante, talvez importante demais, se
vai e deixa o vazio do amor e da morte, e nós como um inseto preso dentro de um
vidro ou como uma flor de interior, sem raiz e girando em busca da luz ou da
liberdade, não sabemos qual direção tomar.
Então pensamos: estamos vivos aqui, mas não conseguimos
ver o filme até o final, não sabemos como termina. Alguém por favor destampe
este vidro para que possamos voar, plante esta muda em um jardim, para que
nossas flores possam nascer, para que nós possamos criar raízes novamente.
O início é sempre mais difícil, às vezes acontece uma
vontade insensata de pegar o telefone e simplesmente pedir ao nosso amor um
conselho, dizer de uma alegria, de um sucesso, ou até mesmo de uma dor. Tem
momentos que queremos apenas dizer “eu te amo”. E este início deveria saber a
tortura que é.
Viver o momento é certo e belo, mas quando ele se torna
impossível, parece que a falta consegue ser ainda maior e nós nem sabemos o
que isto significa. Sabemos apenas que precisamos de anos para entender a
duração de um único dia.
Quanto à vida... ela vai seguindo seu tempo, acontece o
mesmo que acontece todo dia, mas parece
que o amanhecer é sempre anunciado por uma luz desbotada, suave e
reconciliadora que nos trás a consciência da brevidade do tempo. Uma luz que
anuncia o fim irrevogável de um ciclo da natureza, de um trecho de nossas
vidas.
Se alguém pensa que estou a falar de tristezas, não.
Tristezas não, talvez um susto silencioso quando percebemos que o tempo passou
rápido demais e o que era dor, tornou-se lembrança. Só nunca deixou de ser
amor.
A questão mais importante que entendemos é mesmo o
tempo. Descobrimos que ele passou por nós, escorreu entre nossos dedos, chegou
a parecer um tempo perdido... Aí é que nos enganamos, o que fizemos com o amor
que sentimos ainda vive dentro de nós, assim como aprendemos a lidar com a
saudade, com a vontade de falar e ouvir. Com aquele rosto que ficou desenhado
em nossa lembrança e que por mais esforço que façamos, (como uma foto antiga), vai aos poucos
esmaecendo.
Nada foi perdido, pois cada um dos nossos amores que
partiu, deixou de ser apenas mais alguém, hoje vive dentro de nós. E nós,
idiotas, ainda perdemos tempo pensando na dor, até descobrir que são eles,
esses amores e todos os outros que vieram ou virão, e melhor... na verdade somos nós mesmos a
alegria da luz de todo dia.
O vidro se abre, voamos outra vez. Voltamos a viver no
jardim, deixamos uma cicatriz no chão de terra e sentimos a flor que nasce, mas
desta vez, na nossa pele.
MaduDumont
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
PERDOE-ME SOLIDÃO
PERDOE-ME SOLIDÃO
Perdoe-me solidão por não ter respeitado você.
Perdoe-me por transformá-la em uma louca aventura,
gostosa é verdade... Mas fiz você sangrar.
Perdoe-me por ter gostado desta aventura, rápida
demais, superficial demais, sem deixar de ser de alguma forma dolorosa.
Perdoe-me solidão, por tentar fazer com que você se
transformasse em um encontro, quando eu já sabia bem antes que não seria assim.
Perdoe-me solidão por desafiá-la, por acreditar que eu
era maior e poderia esmaga-la.
Perdoe-me por fantasiá-la com uma máscara de prazer, que
na verdade era apenas dor camuflada por um sexo intenso, que durou tão pouco e
ficou tão mudo...
Perdoe-me solidão por romper com seus limites e fingir
acreditar em uma verdade, que não passava de uma tentativa de me esconder sem
me lembrar do sentir.
Perdoe-me solidão por não ter percebido que você era um
desamparo que gritava por socorro.
Perdoe-me ainda, por não ter permitido a você tornar-se
o poeta da sensualidade.
Devo implorar seu perdão por não lhe mostrar o quanto era
importante para nós, entender, que para ir além, precisávamos sentir um
inseguro tremor nas mãos ao nos despirmos. Por não transformar cada carícia em
uma tarefa de titãs.
Como falhei com você quando não lhe disse que havia um
feitiço naquele primeiro roçar de lábios. Na loucura do toque que faz arder a
pele como se fosse água-viva.
Perdoe-me solidão por não ter dito que as palavras são
segredos sussurrados.
Perdoe-me por não lembrar-me que roupas eu usava, ou
onde as deixei.
Perdoe-me solidão por não ter avisado que o cheiro da
pele, do hálito, do suor, são fundamentais, assim como a textura da pele e o
roçar dos corpos.
Mas perdoe-me principalmente por não ter lhe dito que
nada é mais importante que o olhar. Aquela luz que reflete lá no fundo, e fica
guardada para sempre na memória e pode salvar uma alma.
Perdoe-me solidão.
Perdoe-me por não me lembrar do seu nome!
Perdoe-me por não me lembrar do seu nome!
Madu
Dumont
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