Como é solitária a madrugada... bastava uma alma, mas aquela alma verdadeira
que uma noite te fez sonhar, que você admirava... para te dizer algumas palavras,
talvez ler um poema, até que o som suave daquela voz, que se parecia mais um
sussurro, ou uma música, embalasse seu sono, ao invés de transformar o silêncio
em uma escultura.
Amenizasse a angústia da ausência de todos os sons que
se aquietam quando as luzes se apagam e apenas lá longe, distante da janela, você ouve os passos de um homem, ou o latido de um cão.
Como é solitária a madrugada quando surge um desejo patético
e insensato de voltar no tempo e sentir a mão que já te acariciou. O calor do
corpo que já se aconchegou ao seu. Mas você já não tem como procurar aquela
alma da qual já não se sabe nada. Aquela com quem você podia falar de coisas
como a lealdade, o amor e até sobre a morte.
Será que vale a pena pensar no que foi feito do amor? Não
só do seu amor, mas do amor do homem, que se tornou tão feio, vazio, e tão só?
Por que dói tanto olhar o mundo quando amanhece e você descobre que o amor
morreu. Morreu de tédio, morreu de velho, morreu de uma doença incurável.
Como é solitária a madrugada onde esses pensamentos se
instalam e você só quer se dobrar sobre você mesma, esconder o rosto com as
mãos e chorar, e o corpo estremecer, e as veias das mãos tremerem e descobrir
que não chora só por você, chora pelos homens que já não sabem amar, chora e
não tem mais um braço que te pouse sobre o ombro e te console a falta do amor
humano, que te convença que o mundo e os homens ainda podem se salvar.
Como é solitária a madrugada diante do desejo de ainda
sentir um carinho e de voltar a dormir aconchegada.
Hoje a saudade tomou conta de você... Na solitária e silenciosa madrugada.
Madu Dumont
Para Rayane
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