segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

COMO É SOLITÁRIA A MADRUGADA





Como é solitária a madrugada...  bastava uma alma, mas aquela alma verdadeira que uma noite te fez sonhar, que você admirava... para te dizer algumas palavras, talvez ler um poema, até que o som suave daquela voz, que se parecia mais um sussurro, ou uma música, embalasse seu sono, ao invés de transformar o silêncio em uma escultura.

Amenizasse a angústia da ausência de todos os sons que se aquietam quando as luzes se apagam e apenas lá longe, distante da janela, você ouve os passos de um homem, ou o latido de um cão.

Como é solitária a madrugada quando surge um desejo patético e insensato de voltar no tempo e sentir a mão que já te acariciou. O calor do corpo que já se aconchegou ao seu. Mas você já não tem como procurar aquela alma da qual já não se sabe nada. Aquela com quem você podia falar de coisas como a lealdade, o amor e até sobre a morte.


Será que vale a pena pensar no que foi feito do amor? Não só do seu amor, mas do amor do homem, que se tornou tão feio, vazio, e tão só? Por que dói tanto olhar o mundo quando amanhece e você descobre que o amor morreu. Morreu de tédio, morreu de velho, morreu de uma doença incurável.

Como é solitária a madrugada onde esses pensamentos se instalam e você só quer se dobrar sobre você mesma, esconder o rosto com as mãos e chorar, e o corpo estremecer, e as veias das mãos tremerem e descobrir que não chora só por você, chora pelos homens que já não sabem amar, chora e não tem mais um braço que te pouse sobre o ombro e te console a falta do amor humano, que te convença que o mundo e os homens ainda podem se salvar.

Como é solitária a madrugada diante do desejo de ainda sentir um carinho e de voltar a dormir aconchegada.

Hoje a saudade tomou conta de você... Na solitária e silenciosa madrugada.


Madu Dumont

Para Rayane

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