PERDOE-ME SOLIDÃO
Perdoe-me solidão por não ter respeitado você.
Perdoe-me por transformá-la em uma louca aventura,
gostosa é verdade... Mas fiz você sangrar.
Perdoe-me por ter gostado desta aventura, rápida
demais, superficial demais, sem deixar de ser de alguma forma dolorosa.
Perdoe-me solidão, por tentar fazer com que você se
transformasse em um encontro, quando eu já sabia bem antes que não seria assim.
Perdoe-me solidão por desafiá-la, por acreditar que eu
era maior e poderia esmaga-la.
Perdoe-me por fantasiá-la com uma máscara de prazer, que
na verdade era apenas dor camuflada por um sexo intenso, que durou tão pouco e
ficou tão mudo...
Perdoe-me solidão por romper com seus limites e fingir
acreditar em uma verdade, que não passava de uma tentativa de me esconder sem
me lembrar do sentir.
Perdoe-me solidão por não ter percebido que você era um
desamparo que gritava por socorro.
Perdoe-me ainda, por não ter permitido a você tornar-se
o poeta da sensualidade.
Devo implorar seu perdão por não lhe mostrar o quanto era
importante para nós, entender, que para ir além, precisávamos sentir um
inseguro tremor nas mãos ao nos despirmos. Por não transformar cada carícia em
uma tarefa de titãs.
Como falhei com você quando não lhe disse que havia um
feitiço naquele primeiro roçar de lábios. Na loucura do toque que faz arder a
pele como se fosse água-viva.
Perdoe-me solidão por não ter dito que as palavras são
segredos sussurrados.
Perdoe-me por não lembrar-me que roupas eu usava, ou
onde as deixei.
Perdoe-me solidão por não ter avisado que o cheiro da
pele, do hálito, do suor, são fundamentais, assim como a textura da pele e o
roçar dos corpos.
Mas perdoe-me principalmente por não ter lhe dito que
nada é mais importante que o olhar. Aquela luz que reflete lá no fundo, e fica
guardada para sempre na memória e pode salvar uma alma.
Perdoe-me solidão.
Perdoe-me por não me lembrar do seu nome!
Perdoe-me por não me lembrar do seu nome!
Madu
Dumont
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