A nossa única defesa contra a morte
é o amor
Saramago
O AMOR E A MORTE
Até um tempo de nossas vidas onde a morte, (quando muito) era palco
de nossas investigações infantis. O amor não, nós o conhecemos desde nosso
primeiro momento.
O tempo passa rápido e começamos a buscar entender as
dores, da morte e do amor, pois um dia elas nos atingem.
Então quem era importante, talvez importante demais, se
vai e deixa o vazio do amor e da morte, e nós como um inseto preso dentro de um
vidro ou como uma flor de interior, sem raiz e girando em busca da luz ou da
liberdade, não sabemos qual direção tomar.
Então pensamos: estamos vivos aqui, mas não conseguimos
ver o filme até o final, não sabemos como termina. Alguém por favor destampe
este vidro para que possamos voar, plante esta muda em um jardim, para que
nossas flores possam nascer, para que nós possamos criar raízes novamente.
O início é sempre mais difícil, às vezes acontece uma
vontade insensata de pegar o telefone e simplesmente pedir ao nosso amor um
conselho, dizer de uma alegria, de um sucesso, ou até mesmo de uma dor. Tem
momentos que queremos apenas dizer “eu te amo”. E este início deveria saber a
tortura que é.
Viver o momento é certo e belo, mas quando ele se torna
impossível, parece que a falta consegue ser ainda maior e nós nem sabemos o
que isto significa. Sabemos apenas que precisamos de anos para entender a
duração de um único dia.
Quanto à vida... ela vai seguindo seu tempo, acontece o
mesmo que acontece todo dia, mas parece
que o amanhecer é sempre anunciado por uma luz desbotada, suave e
reconciliadora que nos trás a consciência da brevidade do tempo. Uma luz que
anuncia o fim irrevogável de um ciclo da natureza, de um trecho de nossas
vidas.
Se alguém pensa que estou a falar de tristezas, não.
Tristezas não, talvez um susto silencioso quando percebemos que o tempo passou
rápido demais e o que era dor, tornou-se lembrança. Só nunca deixou de ser
amor.
A questão mais importante que entendemos é mesmo o
tempo. Descobrimos que ele passou por nós, escorreu entre nossos dedos, chegou
a parecer um tempo perdido... Aí é que nos enganamos, o que fizemos com o amor
que sentimos ainda vive dentro de nós, assim como aprendemos a lidar com a
saudade, com a vontade de falar e ouvir. Com aquele rosto que ficou desenhado
em nossa lembrança e que por mais esforço que façamos, (como uma foto antiga), vai aos poucos
esmaecendo.
Nada foi perdido, pois cada um dos nossos amores que
partiu, deixou de ser apenas mais alguém, hoje vive dentro de nós. E nós,
idiotas, ainda perdemos tempo pensando na dor, até descobrir que são eles,
esses amores e todos os outros que vieram ou virão, e melhor... na verdade somos nós mesmos a
alegria da luz de todo dia.
O vidro se abre, voamos outra vez. Voltamos a viver no
jardim, deixamos uma cicatriz no chão de terra e sentimos a flor que nasce, mas
desta vez, na nossa pele.
MaduDumont
O AMOR E A MORTE
Até um tempo de nossas vidas onde a morte, (quando muito) era palco
de nossas investigações infantis. O amor não, nós o conhecemos desde nosso
primeiro momento.
O tempo passa rápido e começamos a buscar entender as
dores, da morte e do amor, pois um dia elas nos atingem.
Então quem era importante, talvez importante demais, se
vai e deixa o vazio do amor e da morte, e nós como um inseto preso dentro de um
vidro ou como uma flor de interior, sem raiz e girando em busca da luz ou da
liberdade, não sabemos qual direção tomar.
Então pensamos: estamos vivos aqui, mas não conseguimos
ver o filme até o final, não sabemos como termina. Alguém por favor destampe
este vidro para que possamos voar, plante esta muda em um jardim, para que
nossas flores possam nascer, para que nós possamos criar raízes novamente.
O início é sempre mais difícil, às vezes acontece uma
vontade insensata de pegar o telefone e simplesmente pedir ao nosso amor um
conselho, dizer de uma alegria, de um sucesso, ou até mesmo de uma dor. Tem
momentos que queremos apenas dizer “eu te amo”. E este início deveria saber a
tortura que é.
Viver o momento é certo e belo, mas quando ele se torna
impossível, parece que a falta consegue ser ainda maior e nós nem sabemos o
que isto significa. Sabemos apenas que precisamos de anos para entender a
duração de um único dia.
Quanto à vida... ela vai seguindo seu tempo, acontece o
mesmo que acontece todo dia, mas parece
que o amanhecer é sempre anunciado por uma luz desbotada, suave e
reconciliadora que nos trás a consciência da brevidade do tempo. Uma luz que
anuncia o fim irrevogável de um ciclo da natureza, de um trecho de nossas
vidas.
Se alguém pensa que estou a falar de tristezas, não.
Tristezas não, talvez um susto silencioso quando percebemos que o tempo passou
rápido demais e o que era dor, tornou-se lembrança. Só nunca deixou de ser
amor.
A questão mais importante que entendemos é mesmo o
tempo. Descobrimos que ele passou por nós, escorreu entre nossos dedos, chegou
a parecer um tempo perdido... Aí é que nos enganamos, o que fizemos com o amor
que sentimos ainda vive dentro de nós, assim como aprendemos a lidar com a
saudade, com a vontade de falar e ouvir. Com aquele rosto que ficou desenhado
em nossa lembrança e que por mais esforço que façamos, (como uma foto antiga), vai aos poucos
esmaecendo.
Nada foi perdido, pois cada um dos nossos amores que
partiu, deixou de ser apenas mais alguém, hoje vive dentro de nós. E nós,
idiotas, ainda perdemos tempo pensando na dor, até descobrir que são eles,
esses amores e todos os outros que vieram ou virão, e melhor... na verdade somos nós mesmos a
alegria da luz de todo dia.
O vidro se abre, voamos outra vez. Voltamos a viver no
jardim, deixamos uma cicatriz no chão de terra e sentimos a flor que nasce, mas
desta vez, na nossa pele.
MaduDumont
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