sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O ENCONTRO DA MORTE E DO AMOR


A nossa única defesa contra a morte
é o amor

 Saramago


O AMOR E A MORTE

Até um tempo de nossas vidas onde a morte, (quando muito) era palco de nossas investigações infantis. O amor não, nós o conhecemos desde nosso primeiro momento.
O tempo passa rápido e começamos a buscar entender as dores, da morte e do amor, pois um dia elas nos atingem.

Então quem era importante, talvez importante demais, se vai e deixa o vazio do amor e da morte, e nós como um inseto preso dentro de um vidro ou como uma flor de interior, sem raiz e girando em busca da luz ou da liberdade, não sabemos qual direção tomar.
Então pensamos: estamos vivos aqui, mas não conseguimos ver o filme até o final, não sabemos como termina. Alguém por favor destampe este vidro para que possamos voar, plante esta muda em um jardim, para que nossas flores possam nascer, para que nós possamos criar raízes novamente.
O início é sempre mais difícil, às vezes acontece uma vontade insensata de pegar o telefone e simplesmente pedir ao nosso amor um conselho, dizer de uma alegria, de um sucesso, ou até mesmo de uma dor. Tem momentos que queremos apenas dizer “eu te amo”. E este início deveria saber a tortura que é.
Viver o momento é certo e belo, mas quando ele se torna impossível, parece que a falta consegue ser ainda maior e nós nem sabemos o que isto significa. Sabemos apenas que precisamos de anos para entender a duração de um único dia.
Quanto à vida... ela vai seguindo seu tempo, acontece o mesmo que acontece todo dia, mas  parece que o amanhecer é sempre anunciado por uma luz desbotada, suave e reconciliadora que nos trás a consciência da brevidade do tempo. Uma luz que anuncia o fim irrevogável de um ciclo da natureza, de um trecho de nossas vidas.
Se alguém pensa que estou a falar de tristezas, não. Tristezas não, talvez um susto silencioso quando percebemos que o tempo passou rápido demais e o que era dor, tornou-se lembrança. Só nunca deixou de ser amor.
A questão mais importante que entendemos é mesmo o tempo. Descobrimos que ele passou por nós, escorreu entre nossos dedos, chegou a parecer um tempo perdido... Aí é que nos enganamos, o que fizemos com o amor que sentimos ainda vive dentro de nós, assim como aprendemos a lidar com a saudade, com a vontade de falar e ouvir. Com aquele rosto que ficou desenhado em nossa lembrança e que por mais esforço que façamos, (como uma foto antiga), vai aos poucos esmaecendo.
Nada foi perdido, pois cada um dos nossos amores que partiu, deixou de ser apenas mais alguém, hoje vive dentro de nós. E nós, idiotas, ainda perdemos tempo pensando na dor, até descobrir que são eles, esses amores e todos os outros que vieram ou virão, e melhor... na verdade somos nós mesmos a alegria da luz de todo dia.
O vidro se abre, voamos outra vez. Voltamos a viver no jardim, deixamos uma cicatriz no chão de terra e sentimos a flor que nasce, mas desta vez, na nossa pele.


MaduDumont

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