domingo, 11 de dezembro de 2016

A ESPERA



Você me disse: me espere, eu chegarei para você.



Se você me esperar eu chegarei. Mas espere com calma, espere com toda sua força, espere com todo seu amor. Se você me esperar eu chegarei.
Espere as folhas do outono caírem,  cobrirem a estrada por onde passarei para ir ao seu encontro.
Espere que os ventos de agosto tragam até nós o som exótico das tuias se agitando.
Espere-me com muito desejo porque na próxima lua cheia estaremos juntos e nos deitaremos na relva, e nos amaremos à luz da lua.
Espere que quando a primavera chegar e encher o ar com o perfume das flores, eu chegarei.
Espere que passe a escuridão da noite de tempestade que chegarei com a roupa molhada, os pés descalços e sujos de lama. Eu também conheço a dor da distância, por isso espere. Pois nunca mais haverá dor. Estarei ao seu lado para curar todas as feridas dessa longa espera.
Espere nos dias frios de inverno, mas espere com uma vontade obstinada, que logo dormirei ao seu lado e aquecerei o seu corpo.
Espere, espere apenas até eu conseguir gritar para o mundo que eu vou.
Espere de uma maneira implacável o calor tórrido desse verão abrandar.
Se você me esperar, prometo que não vou demorar mais.
Espere, pois quando eu chegar, jamais partirei.





Nem sei por quanto tempo esperei.
Ontem foi seu dia e me fez recordar todas as suas palavras, todas as suas promessas.
Não posso mais lhe dizer nem uma palavra, sequer posso dizer que esperarei.
A única coisa que posso agora é pensar, eu esperei, eu sonhei, eu desejei, eu acreditei.
Sei que você jamais poderá vir, a vida levou você.
Mas posso sentir que minha espera valeu a pena, minha espera alimentou todos os dias, por todos esses anos, a esperança da felicidade. Queria poder voltar a esperar.
Quem sabe o universo me dê a chance de esperar outro amor.
Mesmo que eu já saiba que o amor só vem uma vez...

Madu Dumont


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