A EXTRAORDINÁRIA FAMÍLIA DE AMÁLIA
Parece apenas mais um casa, em uma rua comum, de um
bairro comum, de uma cidade comum.
Quem passa na porta jamais imagina o universo que
habita naquela casa.
Um dia, houve um pai, uma mãe e uma quantidade infinita
de filhos, se compararmos com os tempos que vivemos hoje.
Era a mãe, a mulher que nasceu e viveu para o amor.
Nunca foi submissa, mas nunca levantou a voz e fingia com maestria que obedecia
a seu marido. Mas aí entrava a força do seu amor incondicional.
Ouvia e via tudo que se passava ao redor, cuidava de
tudo, do trabalho, dos filhos... com uma singeleza e determinação comoventes.
Só fazia o que queria e quase ninguém percebia que era
em torno do seu jeito simples que o mundo girava. Do seu sorriso singelo.
Estendia a seu amor a quem quer que fosse, bastava
bater-lhe à porta, e por sorte, nessas horas, seu marido a acompanhava nesse amor,
ou era ele que acolhia o recém-chegado.
Transformou seu companheiro, em um pai
maravilhoso, soube usar todas as suas qualidades e artimanhas para que os
filhos, também em torno dele, acreditassem e tornassem aquele homem o centro do
universo. Enquanto ela, com sua batuta, regia uma orquestra de almas.
O amor era grande demais, mas a vida também era difícil demais, fico imaginando como ela conseguiu fazer de todos os filhos e netos, almas
dignas de serem admiradas.
Nunca acreditei que alguém pudesse fazer de uma
família, um universo de luz e amor.
Também nunca havia conhecido uma família assim, onde as
regras fundamentais para fazer parte são: respeito, amizade, companheirismo,
solidariedade e principalmente e acima de tudo, o amor.
Se quiser chegar, venha... será bem recebido (se também
sentir amor), mas atenção: falar é difícil no meio deles, às vezes, tem que ser
no grito mesmo, pois neste reino louco, todos falam ao mesmo tempo, nem precisa
ser sobre o mesmo assunto. A qualquer hora tem o que comer, ou no mínimo um cafezinho na
mesa.
A turma hoje tem tudo, mas esse tudo é dividido entre
todos.
O mais incrível é que, desde a partida do pai, já faz
alguns anos, ele continua ali... Talvez sentado na varanda, ou na cabeceira da
mesa, tomando conta de tudo, brigando por suas ordens. Hora do
almoço, tomava uma cervejinha, amava e aconselhava os filhos, os netos e bisnetos.
Algumas vezes quando chego, tenho a sensação de que vou
receber um abraço, mas o mais provável é que eu receba uma gozação.
Pois é, a extraordinária família de Amália me recebeu,
e também à minha filha, que depois da vida inteira com três ou quatro primos
mais próximos, agora tem uma variedade enorme de tias, primos, primas, escolheu
uma madrinha e elegeu um padrinho, da noite para o dia a família de nós duas se
transformou em um mundo de gente que só nos faz feliz.
O amor aqui é demonstrado de diversas maneiras, de um
beijo no rosto, a uma mudança de vida ou mesmo com um simples: “vai pra peida”.
Hoje me sinto uma minúscula partícula deste universo,
mas não tenho pressa, estou chegando, fazendo acertos, cometendo erros, mas
degrau a degrau, acho que vou conseguir chegar.
Foi ela, a matriarca, que ao longo de mais de 50 anos,
dia a dia, construiu esta vida de força, beleza e generosidade.
Se o universo permitir, viverei para sempre junto e
amando a extraordinária família de Amália, pois sei, que no momento que eu
partir desse mundo, além da minha filha, terei uma infinidade de mãos segurando
a minha mão com amor. Não tenho mais medo.
Madu Dumont
PS. Me desculpem os outros, mas jamais caberia todos em uma foto. Escolhi a gargalhada de Amália.
Madu Dumont
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