sábado, 24 de dezembro de 2016

É NATAL


Então é Natal


Pensando aqui, solitária em uma noite de verão, descubro que é NATAL. A comemoração do nascimento do filho de Deus.
Que triste me parece comemorar algo tão importante em uma única noite de gala.
Aquele que muitos de nós chamamos de “Deus”, “luz universal”, “ser superior”, “energia de amor”, e até aqueles que dizem não acreditarem em sua existência, devem reconhecer que entregar um filho dileto, para que salvasse seus irmãos (nós) de nós mesmos, é um ato de extrema coragem.


Mas não vejo um único presente ao aniversariante, onde está? 
Será que amanha, quando eu olhar no fundo, bem no fundo dos olhos de quem eu amo e que não vejo faz muito tempo, e minha alma tremer e que mesmo sem uma palavra, consiga demonstrar meu amor e ver nos olhos do outro o mesmo amor, e sentir um desejo enorme de me afogar ali para sempre, este amor também não é NATAL?
Será que acariciar a pétala daquela rosa que enfeita a mesa, também não é NATAL?
Será que tocar as mãos de quem eu amo, e da mesma forma, e com o mesmo amor, as mãos de quem vejo pela primeira vez, e sentir o mesmo amor; outra vez será NATAL? Será que em todos os dias existe o NATAL e que estamos tão ocupados que nem percebemos?
Então a morte vem para quem muito amamos e nossa dor egoísta não permite que seja NATAL, pois aquele presente não daríamos a Jesus, sem sequer nos lembrarmos que ele deu sua vida a nós.

Nesta noite de gala, faz 2000 anos que nós o devolvemos à sua humilde manjedoura, será que alguém pensou em lhe dar o conforto de um berço? Qualquer coisa menos pobre ou triste, pois é dele a ingrata tarefa de nos salvarmos de nós mesmos.

Agora quero olhar os olhos de todas as pessoas que encontrar, lá no fundo. Quero tocar todas as mãos que estiverem ao meu alcance. Quero entregar meus mortos ao seu local de origem, como mais um presente a esta luz divina, como mais um presente de natal. E não vai importar o tamanho da minha dor, de alguma forma, de alguma maneira, ela passa, ou apenas se transforma.
Quero tocar as rosas, as pedras, nelas também estão um pequeno pedaço do universo.
Se penso que fracassei, penso também, que ainda tenho salvação, no momento em que me for permitido olhar em seus olhos meu irmão Jesús (perdoe-me a pretensão) e desejar me afogar em todo amor que existe alí. Quando eu conseguir (ao menos vou tentar) transformar cada instante da minha vida em um NATAL.

Assim, como você fez comigo Jesus, e eu não percebi, quero pronunciar a palavra “Amor”, sem medo de estar sendo profana.

Madu

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