E FOI ASSIM QUE O AMOR NÃO VEIO
O amor não veio, não justificou, não disse nada, apenas não
apareceu; não quis ouvir minhas palavras.
Não veio para que eu não possa mostrar o que sinto.
Não veio porque ando me esquecendo da poesia e sem ela é impossível
falar, escutar a vida humana.
As mais estranhas histórias de amor são sempre as melhores,
mas esse amor não quis vir e agora ri de nós, como uma velha sem dentes...
e nada tem de estranho.
Quero pegar o amor e trancá-lo com um cadeado de carne, mas ele
não se aproxima, não me permite tocá-lo.
Foi ele que se tornou poeta, quando esqueci a
poesia.
E no amor, a poesia é tão fundamental, que chega a fazer Deus sentir
saudade dos homens.
Agora o mundo está feio, o homem se perdeu na tristeza, na desesperança... talvez seja
por isso que o amor não veio.
Não veio, não para provar que é importante, mas para deixar
expresso seu medo. Medo das fontes que poderiam jorrar dentro dele.
Venha, quero fazer amor uma vez antes de morrer. Mas não
morreremos agora, ainda não.
Deve-me um acordo, mas como? Por mais que eu o
tenha chamado, ele não veio.
Não posso sequer me despedir, pois não sei como ele me viu
ou como nos vimos um ao outro. Não sei o que entre nós fracassou.
O amor não veio, e distante, tornou-se o escultor criminoso
de minha alma.
Não sei se estou sendo cruel comigo, mas minha vida foi determinada
por uma intoxicação amorosa.
Descubro que o amor só vem uma vez, se move como o mar, mas
é sempre o mesmo.
Sorte a minha, pois se ele é o mesmo, posso simplesmente dizer
adeus a qualquer amor.
A esse amor que não veio, apenas se moveu como o mar.
Madu Dumont
Madu Dumont
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