Se a
gente não der amor
ele
apodrece dentro de nós.
Manoel de Barros
Eu te
conheço, você me conhece.
Você
tinha uma vida e eu também tinha a minha. Você é capaz de me dizer o que está
acontecendo? Estamos vivendo uma fantasia? O que significa ficar sem ar quando
estou sem você? E depois me dá uma dor no peito. Uma dor boa.
São
apenas coisas impossíveis de mudar.
Os anos passaram sim, e é como se eu
estivesse procurando dentro de você esses anos que te fizeram covarde diante do
amor.
Quando
estou junto a você o mundo lá fora é diferente, deve ser porque continuo encantada.
Então...
como é que ficamos?
Podemos
brincar que o tempo não passou, que somos jovens, inexperientes e cheios de
verdades? Ou quem sabe, tomar consciência do que somos, e daquilo que queremos.
Mas
você continua como o amor, covarde, tem medo da dor que ele pode ou não causar,
e foge. Mesmo tendo a consciência do tempo limitado, falta a ousadia de
enfrentar seus próprios hábitos, suas próprias expectativas, mas principalmente
enfrentar as minhas expectativas, sem saber, sem nunca ter perguntado quais são
elas. Ou saber que simplesmente não tenho expectativas, que serei sempre despojada, que amo
a aventura e que meu amor não tem medo.
A covardia
do seu amor é poderosa e representa perigo: pode criar oprimido e opressor, não
permitindo que nos encontremos com nossos mais profundos desejos.
E não
diga que são as coisas da vida, os anos que passaram. O que falta é a coragem
de sentir a dor boa do amor no peito. Será que vai partir seu coração outra
vez?
E lá
se vai mais um dia, mais um ano, e mais uma vez quer fugir, fugir tanto, que
pode terminar andando de costas para o sol, assustando-se com uma brisa, julgando
ser ela um furação.
Pense
na época boa, a época da inconsequência, da audácia de se aventurar, e
lembre-se de como foi feliz. Imagino que nessa hora, se conseguir se recordar,
apagará a alegria e se apegará apenas à dor, é inevitável, todo fim doi.
Seu
amor é covarde porque não entende que nada é para sempre, que se houve uma dor,
assim como veio partiu.
Agora
nada mais é possível, prefere ficar aí esperando que algo bom venha a
acontecer.
Seu
amor é covarde, gostaria tanto que se olhasse, e esquecesse o medo. Arrancase sua máscara e
que junto dela saisse sua pele, e escorresse sangue , para que você rompa o casulo e seja uma
borboleta, e voe... e volte... ou não, apenas para que se redimise do medo. Deixasse de
acreditar que o fim é o fim, que quando acabar... acabou; e você foi outra vez
feliz. Mas seu amor é covarde e desperdiça o tempo, ao invés de fazer dele algo
valioso. O seu amor é covarde, precisa reaprender a viver desde o princípio para outra vez dizer: “não acredito que te encontrei”! E sorrir, e chorar.
Mas você se acomodou ou optou pela mediocridade.
Nunca
mais saber dizer com o olhar: “eu te amo”! Na hora de dormir fazer um sexo
convencional, que pode até terminar com um selinho na testa ou nos lábios.
O
Amor é covarde, seu amor é covarde, ele fez de você alguém que não consegue
mais se aventurar.
É verdade, talvez eu esteja enganada e seja esse o seu sonho...
Não consigo acreditar, já vi seus olhos, encarei seu rosto em frente ao meu e nele consegui ver sua alma. Mas tudo isso você já sabe.
Eu? Fiz a minha escolha, posso viver anos, sem nem mesmo saber o que é viver, e em
um único momento, um instante qualquer, descobrir uma vida inteira. Nunca
deixarei de mergulhar. E que venham as dores boas de sentir no peito.
Provavelmente
como uma vingança espero que nunca se esqueça do momento em que se aventurou
comigo.
Madu Dumont
Madu Dumont
Aqui bateu❤️
ResponderExcluir